ENQUANTO ISSO...

  • Ser amante do rei, do príncipe ou do imperador não é para qualquer uma. Há amores leves, como o da Langtry, ou trágicos, como o da Vetsera. Às vezes, a relação amorosa se confunde com a política de Estado: assim a Walewska é aproximada de Napoleão para apoiar a independência da Polônia, e meio século depois, a Castiglione é lançada nos braços do sobrinho dele em prol da causa italiana. Algumas amantes se tornam poderosíssimas na corte, como Lola no reino de Baviera ou Mary Lee junto ao príncipe Guilherme. Há quem só tenha seu lugar reconhecido após a morte da esposa do rei, e até quem é escolhida como amante oficial do marido pela própria soberana. Enfim, “há algo de podre no reino da Dinamarca”.

    1807
    No dia 1º de janeiro, num baile em Varsóvia, Napoleão Bonaparte, que acaba de devolver a liberdade ao Estado polonês, encontra Maria Walewska, mulher do conde Anastasy Walewsky. Começa entre os dois um romance que durará anos, estimulado pela nobreza do país, que, desta forma, espera mais atenção por parte da França. Sendo Walewska casada, Napoleão, após se divorciar de Josefina, decidirá desposar Maria Luísa da Áustria. Mesmo assim, a nobre polonesa estará ao lado do imperador por períodos mais ou menos longos e em vários momentos, em Paris e até no exílio em Elba.

    1846
    A dançarina e atriz irlandesa Eliza Rosanna Gilbert, cujo nome artístico é Lola Montez, encanta o rei da Baviera, Luís I. Em Munique, durante dois anos, ela vive uma relação intensa com o soberano, que é casado com Teresa Carlota e já passa dos 60 anos.  Lola chegará a influenciá-lo em muitos assuntos do reino. Temendo perder o apoio popular e pressionado por seus ministros, o rei resolve banir a amante, mas em seguida é obrigado a abdicar em favor do filho. Lola viajará pelo mundo ainda como dançarina e morrerá nos Estados Unidos.

    1855
    Virginia Oldoini, a condessa de Castiglione, é enviada por seu primo Camilo Cavour, primeiro-ministro do pequeno reino de Piemonte, em missão mais do que diplomática: usar seu fascínio para conquistar o imperador francês Napoleão III para a causa da unificação italiana. De grande beleza aos 18 anos, torna-se por um ano a amante quase oficial do imperador, mesmo estando casada. O Piemonte receberá o apoio da França, mas a musa do Risorgimento italiano não terá a mesma sorte: o marido pedirá o divórcio e ela terminará seus dias sozinha, aos 62 anos, num modesto apartamento parisiense. No caixão, estará vestida com a fina camisola que usava para aguardar Napoleão III em seu leito de amor.

    1869
    Vitor Emanuel II, rei da Itália, viúvo há 14 anos, sentindo que a morte estava próxima, se casa com uma antiga amante, Rosa Vercellana, que não pertence a qualquer casa nobre. O casamento é do tipo morganático, isto é, não estende à consorte nem aos filhos o título real.
     
    1877

    Começa o romance entre o príncipe de Gales, Alberto Eduardo, e a atriz Lillie Langtry: ambos são casados, ela com um fazendeiro irlandês e ele com a princesa Alexandra, com a qual tem seis filhos. A relação durará dois anos, até o príncipe encontrar outra amante (calcula-se que foram cerca de vinte). Em seguida, Lillie se dedicará à carreira artística, enquanto Eduardo terá que aguardar a morte da mãe, a rainha Vitória, para subir ao trono, já com 59 anos, como Eduardo VII.

    1880
    Menos de um mês após a morte da esposa, Maria Alexandrovna, o czar Alexandre II se casa com uma de suas amantes, Catarina Dolguruky, com quem já tinha quatro filhos. O casamento, morganático, só durará dez meses: Alexandre será morto em sua carruagem, num atentado a bomba em São Petersburgo.

    Mary Esther Lee, uma americana de 42 anos, esposa do conde Von Waldersee, torna-se amiga do jovem príncipe Guilherme, que aos 21 anos é o herdeiro da coroa da Alemanha. Por alguns anos, em Berlim, ela será a conselheira mais ouvida pelo príncipe, que em 1888 ocupará o trono imperial e dois anos depois se afastará totalmente dela.

    1886
    Começa o romance entre o imperador austríaco Francisco José e a atriz cômica do Teatro Imperial Katharina Schratt, que durará trinta anos.  É a própria imperatriz Isabel (Sissi) quem escolhe Katharina para ser amante do marido, tentando assim amenizar sua culpa por ter ficado distante dele nos últimos anos de sua união.         

    1889
    O arquiduque Rodolfo, único filho do imperador austríaco Francisco José, é encontrado morto em seu quarto no pavilhão de caça de Mayerling, perto de Viena. Ao lado dele, uma pistola e o corpo sem vida de sua amante, Mary Vetsera, uma aristocrata húngara de 17 anos, com uma bala na cabeça. As hipóteses serão o suicídio por amor (o pai proibira Rodolfo de se divorciar da princesa Stephanie) ou um assassinato cometido pelo serviço secreto austríaco.