Sobre Maria Antonieta de Habsburgo, a rainha da França guilhotinada em 1793, o escritor austríaco Stefan Zweig afirmou que fora atingida por um destino que não conseguiu dominar. Suas horas mais trágicas não teriam sido as das grandes tempestades, mas aqueles dias radiantes em que sob a luz do sol desprezava a responsabilidade histórica que lhe fora legada.
Representantes da Casa de Habsburgo – família real de origem alemã e uma das mais antigas dinastias da Europa, que governou entre os séculos XIII e XX – Maria Antonieta e Leopoldina Francisca representaram diferentes possibilidades do destino para as princesas europeias do final do Antigo Regime. Nos dois casos, a morte foi apenas o fim do longo açoite chamado infelicidade.
No dossiê que se segue, lampejos do universo pessoal, familiar e político da imperatriz Leopoldina buscam chamar a atenção do leitor para o crescimento dessa mulher de passividade refletida e, dentro de sua realidade, responsável. Enviada à América pela diplomacia da Restauração, participou do jogo político que resultou na Independência e na fundação do Império do Brasil. Solitária e melancólica, morreu aos 29 anos queixando-se da tragédia de sua vida privada, e deixando um olhar crítico ainda muito pertinente sobre o tipo de sociedade e de formação cultural que viu reinar por aqui.
Dossiê - Leopoldina
Sedutora tradição
Nashla Dahás, Rodrigo Elias