Fechado em agosto de 2013 para uma reforma urgente, o Museu do Ipiranga deve ficar em obras até 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil. O mais antigo museu de São Paulo, inaugurado em 1895 como marco da Independência do Brasil, não passava por uma grande reforma há 20 anos. O resultado foi aparecendo nas paredes descascadas e no forro, que estava ameaçando desabar. “Todos os forros tiveram que ser escorados e o processo foi feito com o acervo ainda dentro do prédio. Foi um processo muito delicado”, explica Sheila Orstein, diretora do Museu.
Este ano, finalmente, será dedicado à preparação para as obras de restauração. Há todo um cuidado com o acervo e com o próprio museu. Segundo Sheila, a reitoria da Universidade de São Paulo (USP), responsável pela administração da instituição, alugou imóveis próximos para facilitar a supervisão: “Temos que acompanhar as obras, já que se trata de um prédio tombado de 120 anos. Os galpões vão abrigar a equipe e os acervos”.O acervo do Museu do Ipiranga corresponde a mais de 125 mil artefatos: documentos, livros, fotografias, esculturas, quadros, entre outros. Dessa quantidade imensa de objetos, cinco importantes peças precisarão permanecer dentro do prédio, ou poderão sofrer danos graves.Uma delas é a tela de Pedro Américo (1943-1905), Independência ou Morte, uma das mais populares representações da Independência do Brasil. O quadro, feito em 1888, tem 8,43 metros de largura por 5,03 metros de altura, está chumbado na parede do salão nobre do museu, e não pode ser retirado ou corre o risco de ser seriamente danificado.Além do quadro, duas esculturas de mármore e duas maquetes – uma representando a cidade de São Paulo em 1841, e outra, o próprio Museu – ficarão no interior do prédio até o final da reforma. “A maquete da cidade de São Paulo foi realizada na sala. Não teríamos como retirar sem fragmentá-la. A alternativa é proteger a obra no lugar onde ela foi construída”, afirma Paulo Garcez, chefe do Departamento de Acervos e Curadoria do Museu.Lá estão também duas esculturas que Luigi Brizzolara (1868-1937) fez em homenagem aos bandeirantes que não podem ser retiradas devido às grandes proporções: cada uma tem 2,80 metros de altura por 90 centímetros de largura. Caso fossem retiradas, as obras poderiam danificar o prédio. “Cada peça terá uma proteção específica, que permitirá um controle pelos restauradores”, explica Garcez. Até agora, apenas a maquete da cidade de São Paulo recebeu a proteção necessária, as outras receberão no primeiro semestre de 2015, mais próximo do início das obras.
À espera do bicentenário
Fernanda Távora