Carlos Drummond de Andrade não tem paz. Desde 2001, quando o botaram sentado num banco no calçadão de Copacabana, seus óculos foram arrancados oito vezes. “Nas três primeiras, eu fiz o restauro. Depois a prefeitura nem me chamou mais”, conta o mineiro Leo Santana, autor da escultura em bronze. Mas se no Rio de Janeiro o escritor não tem sossego, o mesmo pode ser dito de sua terra natal, Itabira (MG). As 44 placas-poemas, que desde 1997 se espalhavam pela cidade para homenageá-lo, tiveram de ser trocadas. Várias tinham sido roubadas ou destruídas.
De ferro fundido, as peças faziam parte do projeto Caminhos Drummondianos, uma espécie de museu a céu aberto. Hoje, para evitar o vandalismo, novas placas foram instaladas. As palavras foram mantidas, mas a estrutura mudou. Com 240 quilos, as obras são também de Leo Santana. “Todas elas são de aço. E quem quiser estragá-las agora vai ter trabalho”, brinca o mineiro.
Para reforçar a medida, também foram adotadas ações educativas. Um grupo de guias turísticos vai circular pelas instalações, e está em andamento um programa de conscientização entre os alunos das escolas municipais. O objetivo é deixar clara a importância desses patrimônios culturais.
No Rio, uma ótica resolveu adotar a estátua do calçadão, comprometendo-se a fazer as manutenções cabíveis. As iniciativas devem tirar algumas pedras do caminho de Drummond. “Vamos ver se agora ele fica em paz”, torce Santana.
A sina de Drummond
Bernardo Camara