A volta do Carinhoso

Paulo da Costa e Silva

  • Numa roda ou numa mesa de bar, basta que alguém comece a cantar “meu coração, não sei por quê”, que logo outras vozes se juntam, completando “bate feliz quando te vê”.  A enorme popularidade de “Carinhoso”, uma das muitas preciosidades criadas por Alfredo Viana – que ganhou de sua avó africana o apelido de Pixinguinha –, é uma das grandes provas de que a obra do compositor carioca criou raízes profundas em nosso imaginário. Mas se as gerações mais novas ainda conhecem as obras-primas de Pixinguinha – como “Rosa” e “Lamento” –, o mesmo não se pode dizer de sua história pessoal.

    Pois isso está prestes a mudar. Depois de um ano de negociações com a família, o grande gênio da nossa música, que fez sua primeira gravação aos 13 anos, vai ter sua história filmada. O título provisório é “Pixinguinha: um homem carinhoso”. O roteiro ainda está sendo desenvolvido, mas o diretor Emiliano Ribeiro adianta que pretende dar grande espaço para aquele que considera o período mais rico da vida de Pixinguinha: sua participação no lendário conjunto Oito batutas, em que tocava junto com Donga nos anos 1920 e 30. Para Emiliano – que toca o projeto do filme junto com o produtor Carlos Molleta –, boa parte do fascínio da figura de Pixinguinha vem de “sua molequice, que aparece na maneira de compor e tocar. Sempre achei o Pixinguinha uma espécie de Garrincha da música brasileira; ele te leva para um lado e vai para o outro”. As filmagens estão previstas para o final de 2008.