Um retrato de frente, outro de perfil e digitais. Até se chegar a esse tipo de ficha criminal, presente hoje no sistema informatizado das delegacias, foi preciso recorrer a outros métodos de identificação de suspeitos e criminosos. O reconhecimento do rosto foi, durante quase todo o século XIX, o principal instrumento utilizado pela polícia. De início, era feito por meio da memória visual dos agentes de rua: em Buenos Aires, os ladrões apreendidos eram obrigados a ficar em fila diante dos policiais, que os fitavam nos olhos para se recordarem deles. Esta prática foi denominada manyamiento, do verbo italiano mangiare (comer). Só nas últimas décadas do século XIX a polícia adotou a técnica fotográfica.
Desde o início de sua história, em meados do século XIX, a fotografia foi utilizada para identificar criminosos e rapidamente incorporada pelas instituições policiais, ampliando de forma notável a sua capacidade de localizar alguém no território urbano. O que interessava aos encarregados da identificação ou da prisão de suspeitos era a possibilidade de obter retratos fiéis e a baixo custo. Isso foi possível com o formato “cartão de visita” para as fotografias, que apareceu na França em 1850 e foi considerado uma revolução técnica em termos de custo e de tempo de exposição do fotografado. A novidade permitiu a incorporação da foto como prova judicial. Apareceram, assim, as galerias de criminosos, um tipo de catálogo ilustrado com as imagens dos delinquentes.
No Rio de Janeiro, foi organizada a Galeria dos condenados, por volta de 1875. Era composta de dois álbuns que continham 320 fotografias de reclusos da Casa de Correção da Corte – depois Presídio Hélio Gomes, mais conhecido como Presídio da Frei Caneca. As fotos eram recortadas em forma oval e coladas em uma moldura decorada com arabescos em tinta azul. Cada página incluía o número de registro na polícia e o nome do condenado, além de uma breve descrição da sua história criminal. (...)
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Álbuns para segurança
Diego Galeano