A obra do cearense Capistrano de Abreu é reconhecida por diversos estudiosos como fundamental para a compreensão da História do Brasil. Poucos duvidariam disso. No entanto, o que se passava na cabeça do notável historiador, além das interpretações históricas, é pouco conhecido. Sua correspondência particular, até então pouco divulgada, foi recentemente analisada por Fernando Amed, e parte dela aparece agora comentada. Escritor compulsivo e melancólico, Capistrano usava suas cartas, segundo o autor, como meio de entender e interpretar o Brasil. Na correspondência com o barão do Rio Branco, com Paulo Prado ou ainda com Coelho Neto, transparecem não apenas angústias existenciais, mas também a discussão dos problemas de um país que “ansiava por uma nova forma de olhar o mundo”, de um Brasil que entrava na modernidade e também tentava compreender seu passado. Fruto de sua dissertação de mestrado, o livro de Amed recupera a vivacidade da vida literária no Rio de Janeiro no fim do século XIX. Estão ali dissecadas angústias, dúvidas, opiniões. O notável historiador aparece exposto muito além das páginas de sua obra consagrada.
Fábio Pedrosa
As cartas de Capistrano de Abreu
Fernando Amed