Ativista mirim

Cristina Romanelli

  • A diretora Flávia Castro e seu irmão, João Paulo M. Castro, durante o exílio da família no Chile, em 1973.Uma dupla de assaltantes se suicida no apartamento de um alemão, em Porto Alegre, ao ser cercada pela polícia. O ano é 1984 e os criminosos são militantes comunistas. Um deles, Celso Castro, já havia feito treinamento de guerrilha na Argentina e se exilado em países como Chile e França. Aos poucos, a versão sobre os suicídios começa a ser questionada. Ainda mais com provas de que o dono do apartamento era um ex-oficial alemão que tinha armas da Gestapo, a polícia secreta da Alemanha nazista. “Diário de uma busca”, dirigido por Flávia Castro, filha de Celso, vai atrás da verdadeira história, mas acaba sem muitas respostas, assim como outros incidentes ocorridos durante a ditadura.

    Premiado nos festivais de Gramado, do Rio e de Biarritz, na França, o filme chega aos cinemas em março. “Vivíamos em grupo com os militantes do Partido Operário Comunista. Eu tive uma infância entre ações armadas e reuniões clandestinas. Em vez de ter bonecas, eu brincava de fazer reunião: você só tem mais cinco minutos, companheiro!”, conta Flávia. A narrativa, feita com textos da infância e cartas de Celso, conta com depoimentos de parentes, policiais, médicos-legistas e ex-militantes, como Marco Aurélio Garcia, assessor especial para assuntos internacionais do governo Lula. Ao revelar seu drama, Flávia faz um balanço do período e lembra que a mesma história poderia ter acontecido com qualquer família da época.