Atrações triplicadas

Cristina Romanelli

  • Os guias turísticos de Tiradentes, em Minas Gerais, podem se preparar para trabalhar mais. Em vez de um, a cidade mineira passará a ter três museus no próximo ano. E o único que já existe, o Museu Casa de Padre Toledo, terá uma exposição completamente reformulada e será tratado pela equipe do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, da Escola de Belas Artes da UFMG. Fechado desde fevereiro do ano passado, deverá reabrir no início de 2012 já com grande parte restaurada.

    “O museu estava praticamente estático desde os anos 1970; a montagem era quase igual. E tanto o imóvel quanto o acervo estavam bem degradados”, afirma o professor Luiz Cruz, que trabalha com educação patrimonial na cidade. Com a restauração, a antiga residência do padre inconfidente Carlos Correia de Toledo e Melo (1731-1803) ganhará até novas cores. “Os visitantes terão uma grande surpresa quando virem os tetos. Alguns estavam completamente escuros, mas agora vai haver uma explosão de amarelos intensos, verdes...”, conta Ivana Parrela, coordenadora do museu.

    A casa paroquial também está passando por restauro. A partir de dezembro, funcionará ali o Museu da Liturgia. Esculturas, mobiliário, pinturas e pratarias do local sentirão o ar fresco pela primeira vez em cerca de setenta anos. Quase todo o acervo ficava trancado na Paróquia de Santo Antônio, protegido de roubos, comuns na época. “Estamos restaurando as mais de 350 peças, muito deterioradas. Algumas estão oxidadas, outras, com cupim”, diz Eleonora Santa Rosa, coordenadora geral dos trabalhos no Museu da Liturgia.

    Outro prédio que deverá entrar no circuito é o da antiga cadeia da cidade. Depois de reformado, receberá o Museu de Sant’Ana, com 260 imagens da santa padroeira dos mineradores. A coleção tem peças de várias regiões do Brasil, do século XVII ao XIX. “Comecei essa coleção há muitos anos. Há desde imagens de um metro de altura a miniaturas raras, que foram feitas para oratórios ou para maquetes que serviam de modelo para as pessoas fazerem suas encomendas com os artistas”, conta a empresária Ângela Gutierrez, também criadora do Museu do Oratório, em Ouro Preto, e do Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. Assim como nos anteriores, Ângela doará a coleção do novo museu ao Patrimônio Histórico Nacional.

    O espaço também deverá ter uma biblioteca de referência do período barroco – uma sugestão da UFMG, uma das parceiras no projeto junto com a Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade. Mas antes que isso tudo aconteça, a equipe espera uma aprovação final do projeto pelo Iphan. “Tivemos muitas dificuldades com a liberação do projeto. Tem que ter obstinação. Nem lembro mais quando comecei a tentar montar o museu”, reclama Ângela. Depois dessa etapa, é só pôr a mão na massa, e em pouco mais de um ano o espaço deverá estar pronto para a inauguração.