Augusto Malta, todo e para todos

  • O tempo do bota-abaixo, quando o prefeito Pereira Passos mandou demolir os cortiços do centro da cidade para dar lugar a uma cidade très chic,  assim como Paris, e as principais mudanças sofridas na paisagem do Rio de Janeiro do começo do século XX foram registrados de perto pelas lentes do fotógrafo Augusto Malta (1864-1957). Durante os 33 anos em que trabalhou a serviço da prefeitura carioca, de 1903 a 1936, Malta documentou a mutação da cidade, sua gente e costumes. Imagens da demolição dos cortiços da rua do Senado, do Hospital da Ordem Terceira da Penitência, do Convento da Ajuda, do morro do Castelo e o alargamento da rua da Carioca fazem parte do acervo do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que será digitalizado até dezembro de 2006. São cerca de 15 mil imagens, entre negativos em vidro, álbuns e fotos avulsas – desse total, cerca de 2.500 imagens em negativo de vidro já se encontram em formato digital. “Com a digitalização de todo esse acervo, vamos democratizar a consulta à obra de Malta, preservando os originais, já que estes não serão mais manuseados. Além disso, haverá uma marca-d´água visível e invisível que identificará a imagem como pertencente ao Arquivo Geral e evitará roubos ou cópias sem autorização”, explica Beatriz Kushnir, diretora da instituição.

    O projeto vai permitir que as fotografias de 27 álbuns do fotógrafo, com vistas de Copacabana e da praia Vermelha (1905), registros da visita ao Rio do embaixador americano Eliahu Root, em 1906, e o Álbum do Hotel Avenida, com fotos da Avenida Central de 1910 – hoje, Rio Branco –, possam ser estudadas. Devido ao péssimo estado de conservação, essas imagens até então não podiam ser manuseadas. 

    Paralelamente, o Arquivo está convidando outras instituições cariocas, como Museu da Imagem e do Som, o Arquivo Nacional, o Centro Cultural da Light e o Instituto Moreira Salles, que possuem fotografias de Malta, para a realização de um portal que reúna as imagens do fotógrafo, possibilitando uma noção do conjunto de sua obra. “Com essa iniciativa, será possível mapear toda a produção de Augusto Malta e saber quanto ele produziu”, diz Beatriz.