Baixa arquitetura

Bernardo Camara

  • Passando os olhos pelo Theatro Municipal, pelo Palácio Gustavo Capanema e por outros edifícios vizinhos, Washington Fajardo constatou que o Rio tem um baita legado arquitetônico. Subsecretário de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design da cidade, ele resolveu lançar o selo Patrimônio do Futuro para premiar esses projetos. Mas aguçou um pouco mais o olhar e viu que não só de boa arquitetura vive a cidade. Concluiu que ela também precisava de outro selo: o de antipatrimônio.

    “O Rio sempre foi protagonista nacional na vertente da arquitetura. Mas depois isso se perdeu, e hoje você vê uma deficiência nessa produção, se comparada com a histórica”, diz Paulo Vidal, coordenador de projetos especiais da subsecretaria. Para não polemizar, ele prefere deixar os exemplos de lado. E explica que a prefeitura não deve se posicionar oficialmente contra esses projetos. A ideia é incentivar a própria população a apontar o que considera ruim. “Talvez a gente faça uma votação: o antipatrimônio do ano”, explica. “Algo que não seja tão oficial, mas que deixe claro que alguns prédios e estruturas não são desejáveis pela cidade”.

    Para Vidal, há uma série de novos projetos surgindo sem um mínimo de harmonia com a paisagem carioca. “Patrimônio é aquilo que cria identidade para uma cidade. Se não há boa produção arquitetônica hoje, não teremos novos patrimônios no futuro”, argumenta. “O selo seria nesse sentido: para que os projetos rejeitados pela população não se repitam. E nem perdurem para as próximas gerações”.

    E você, para que projeto arquitetônico daria o selo antipatrimônio? Escreva para revistadehistoria@revistadehistoria.com.br e faça a sua indicação.