Carta do Editor - Nº 13

Luciano Figueiredo

  • Dois aniversários, uma mesma celebração. Raízes do Brasil completa 70 anos e a Revista de História da Biblioteca Nacional chega ao seu segundo ano.

    A data da publicação do clássico de nascença de Sérgio Buarque de Holanda, 1936, parece uma época vizinha dos dias de hoje, sobretudo diante dos impasses entre nossas raízes históricas e as opções de futuro. “O longo desterro”, dossiê deste número, desvenda as origens de Raízes, suas peculiaridades e algumas interrogações que ficaram sem respostas.

    Sete décadas depois, se observarmos o que se passou na forma de escrever e abordar a História, a impressão é de que muitos séculos nos separam de 36. À época, o esforço de síntese, o nacionalismo desabrido, o peso do método sociológico e as limitações das fontes de pesquisa marcavam o ofício. Hoje, o ato de folhear as edições da Revista de História oferece um cenário de contrastes, tamanho é o número de historiadores, dos livros que se publicam, dos novos temas que brotam ou das inovações de método.

    Os artigos deste número confirmam tantas mudanças, a começar pela matéria de capa, dedicada à literatura de cordel e ao valor da oralidade, com rimas, repentes e associações poéticas, para diversas comunidades do país. É natural que o ensino de História incorpore este instrumento. A festa do Círio de Nazaré desafia as políticas de preservação e os debates sobre o patrimônio imaterial. E na entrevista desta edição, o diálogo da História com outras ciências aparece como exigência para se enfrentar questões universais urgentes.

    Em Raízes, Sérgio mergulhou nas estruturas que formaram o país em busca de mudanças; a Revista de História mobiliza um batalhão de historiadores para continuar a fazer o mesmo.

    Luciano Figueiredo