Que tal visitar a Amazônia? Junto ao convite segue um manual de sobrevivência na selva...
Ele foi escrito por pesquisadores que acompanham de muito perto os ritmos sinuosos e os sustos que a história recente da floresta encobre. São novas histórias para animar o debate que, como tudo que diz respeito à região, parece sempre urgente.
Em cena os trabalhadores e os povos que ali vivem, capazes de inventar alternativas de enorme originalidade que hoje garantem a permanência da floresta e de seu universo. No artigo de Mauro Almeida percorre-se o sangrento processo de expansão da produção de borracha desde o fim do século XIX e a luta corajosa dos seringueiros pela preservação da mata, com um desfecho promissor. Mary Allegretti explica uma solução inovadora made in Brazil: as reservas extrativistas, criadas a partir da experiência dos homens da floresta, invertem a perversa (e histórica) equação que relaciona produção econômica com destruição ambiental. O papel político do movimento organizado pelos seringueiros não escapa a Mariane Schimnk. Outra abordagem, em outra escala, é o que propõe Alfredo Almeida: um petipé feito pelos próprios grupos humanos da imensa região, que ao traçarem seus mapas locais revelam a diversidade que se esconde embaixo de uma noção genérica: Amazônia.
E a entrevista com o premiado escritor Milton Hatoum, cuja obra evoca de maneira singular suas memórias manauaras, atiça a reflexão sobre as cidades da floresta — e sua decadência.
Destaque neste número é também o material preparado por Marco Morel, que está lançando pela primeira vez em livro a versão integral do diário de João Candido, líder da revolta da Chibata. Os bastidores do episódio que estremeceu a Marinha são divulgados em primeira mão.
São essas algumas das histórias de trabalhadores que se contam aqui. O passado, combinado com o presente, mostra como elas podem ser surpreendentes.
Carta do Editor - Nº 44
Luciano Figueiredo