Casa-grande abolicionista

Claudia Bojunga

  • A casa-grande e a capela do Engenho Massangana, que estão sendo restauradas.

    Quando Joaquim Nabuco (1849-1910) era pequeno, um jovem escravo abraçou seus pés implorando que fosse comprado por sua madrinha para servi-lo. Reclamava que seu senhor o maltratava muito e corria risco de vida. O episódio foi decisivo para as ideias abolicionistas de Nabuco e é contado no livro de memórias Minha formação. O cenário desse caso foi o Engenho Massangana, onde ele viveu até os oito anos. Localizada no Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife, essa propriedade existe até hoje e ainda pode ser visitada.

    Parte da história de Nabuco estava se deteriorando até bem pouco tempo atrás, mas um projeto de reestruturação completa do lugar está evitando que isso aconteça. Há ações em várias frentes: desde a restauração da casa-grande e da capela até a concepção de exposições modernas permanentes, com terminais de computadores para os visitantes.

    “A casa estava com infiltrações e com problemas nas esquadrias das janelas. O teto era todo coberto com uma tinta, provavelmente colocada em reformas posteriores. Agora deixamos a madeira original, que está em bom estado. Refizemos também toda a coberta da residência”, conta Rúbia Campelo, coordenadora-geral do projeto de reestruturação física e funcional do Engenho Massangana.

    A casa-grande foi reconstruída em 1870, quando Nabuco já não vivia ali, mas continuou com o mesmo estilo, sendo praticamente uma cópia da primeira: com três salas, sete quartos e dois banheiros. Já a Capela de São Mateus, onde ele foi batizado em 8 de dezembro de 1849, é original.

    “A restauração física da casa e da capela já foi concluída, falta levar os bancos e a imagem original de São Mateus para a capela, além do mobiliário da casa-grande. Vamos montar uma sala de estar e um quarto do casal com móveis do século XIX, que ficarão expostos aos visitantes. Assim, eles vão poder acessar fotos e informações históricas em terminais de computadores”, conta Lindene Araújo, outra coordenadora do projeto. 

    Segundo ela, haverá ainda um prédio novo, que será um centro cultural. A casa-grande e a capela devem ficar prontas em novembro. Enquanto estiverem fechadas ao público, a parte externa da propriedade exibe a exposição “Nabuco e Massangana: Memória e Futuro”, com painéis sobre as ideias de Joaquim Nabuco e sua relação com a propriedade.