Chapada dos Violeiros

O leitor diria sem pestanejar: se a música é goiana, é sinônimo de dupla sertaneja. Pois um bom antídoto para esta impressão é “Chapada dos Veadeiros, culturas tradicionais do norte de Goiás” (Viola Corrêa, 2008). Para além dos regionalistas e especialistas de plantão, o CD produzido pelo violeiro Roberto Corrêa há de interessar a todos aqueles que desejam um “choque de cultura”.

As vinte faixas parecem bem familiares numa primeira audição. Mas as impressões enganam. Samba, quadrilha, congo e o lamento dos sertanejos se misturam em uma melodia indefinida. Mas não é bem isso. São, em grande parte, catiras e curraleiras, gêneros que falam da religiosidade e do dia-a-dia da gente simples da região, e costumam acompanhar a Festa do Divino Espírito Santo, além das folias de São João e de Santo Antônio.

De repente, em meio a viola, pandeiro, sanfona, cuíca, tamborim, cavaquinho e reco-reco, um instrumento diferente começa a fazer barulho. É preciso pedir socorro ao texto do encarte do CD, assinado por Roberto e Juliana Saenger, produtora executiva. O tal instrumento chama-se onça, é “confeccionado em um tronco oco de madeira e se assemelha a uma enorme cuíca”. A onça é deitada no chão e tocada por duas pessoas: de um lado o batedor, sentado em cima do tronco, perto de uma das pontas; do outro, o puxador da vareta.

As músicas são divididas de acordo com as cidades dos grupos participantes: Crixás, Colinas do Sul, São Jorge e Alto Paraíso, Kalunga, Niquelândia e São João D’Aliança. “Para essas comunidades, foi extremamente importante gravar esse CD. É uma garantia de que essas tradições vão continuar. Para o Brasil também é essencial, pois o que temos de mais importante é essa diversidade fantástica. Temos de preservá-la”, defende Roberto.

Ele explica como surgiu a idéia de gravar o CD. “Foi em 2006, juntamente com Juliano Basso, organizador do Encontro de Culturas Tradicionais que ocorre todo fim de julho na vila de São Jorge, em Alto Paraíso. Identificamos a necessidade de salvaguardar a cultura da região, que é única”. As músicas foram registradas naquele ano, durante os dez dias do evento, e andam colecionando elogios. “Os músicos são cada vez mais respeitados, inclusive por políticos. Muitos foram convidados a tocar em outras festas religiosas pelo estado”, diz Roberto Correia.

Para adquirir o CD, é preciso entrar em contato com a gravadora pelo e-mail vc@violacorrea.com.br.