Competição acirrada

Cristina Romanelli

  • Sem apoio de instituições públicas, alunos da Escola Estadual Tenente Mário Lima, emMaracanaú, região metropolitana de Fortaleza, tiveram que se virar para participar da 3ª Olimpíada Nacional em História do Brasil, no ano passado. Embora tenha cinco etapas na Internet, a última fase da competição, criada pelo Museu Exploratório de Ciências, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acontece no campus da universidade, no estado de São Paulo. Com a ajuda das famílias, da diretora da escola e até da mãe do professor de História, a equipe cearense conseguiu viajar e conquistar medalhas de ouro. Este mês, a escola já começa a se preparar para a quarta edição da competição, que promete novos tipos de documentos históricos e algumas surpresas. As inscrições começam no dia 1º de junho.

    “Resolvemos comprar aspassagens de véspera, então saiu quase R$7.000,00. Conseguimos hospedagem com parentes do Adam, um dos membros da equipe, mas ainda temos que pagar uns R$2.000,00 das outras despesas”, conta Augusto Ridson Miranda, professor da escola. Ele foi um dos maiores incentivadores do grupo, a ponto de dar aulas fora do horário regular e até em fins de semana para preparar os alunos. “A Olimpíada motiva pelo trabalho pessoal e de equipe, pela competitividade e pelo contato maior com o professor, rompendo barreiras muito mais profundas do que reconhecemos no dia a dia. Eu me formei em 2010, faz pouco tempo... Bate uma inveja de não ter tido essa Olimpíada na época do ensino médio”, brinca.

    Tarcísio Adam Amaral, aluno que conseguiu a hospedagem do grupo, ficou em destaque na Olimpíada e já planeja a carreira profissional. “A competição foi muito legal. Depois de ter contato com uma forma mais profunda de estudar História, criei um gosto que jamais imaginei que teria. Tenho muita vontade de fazer graduação e pós-graduação em História na Unicamp”, conta.

    Mas nem só os estudantes de Maracanaú cresceram com a competição. A cidade de Bicas, a 40 quilômetros de Juiz de Fora, em Minas Gerais, tem enviado muitos alunos à Olimpíada. “Várias equipes participaram das três edições. Os alunos estão mais críticos, se interessam por pesquisa e mudaram o olhar. História não é mais uma coisa que está só no passado. Na escola, os professores de Português ajudaram com os textos, e todos passaram a incentivar a participação em outras olimpíadas, como as de Física e Química”, conta a historiadora Marina Neves Felizardo, que foi professora de História na cidade até o fim de 2011.

    Segundo a organização do evento, algumas escolas participantes têm retornado no ano seguinte com mais equipes. A primeira edição da Olimpíada, em 2009, teve 15.000 participantes. Em 2010 foram 43.000, e no ano passado o número chegou a 65.000. Agora, a concorrência deve ser ainda maior. Quem quiser ficar nos primeiros lugares e ganhar medalhas, livros e assinaturas da Revista de História da Biblioteca Nacional já pode ir organizando equipes na escola e estudando as provas antigas disponíveis na Internet.

     

    Saiba Mais

    Inscrições de 1º de junho a 10 de agosto.

    Museu Exploratório de Ciências: www.mc.unicamp.br