Cinco toneladas espalhadas por 15 metros de comprimento. Daria para fazer uma pilha de mais de 200 computadores, mas essas são as medidas da Harvard Mark I, primeira calculadora automática digital dos Estados Unidos, construída pela IBM na década de 1940. Hoje, essa máquina ficaria no chinelo se comparada aos computadores pessoais, que ganham novos modelos todos os anos. Antes que essa história se perca, vários museus estão sendo criados mundo afora. Aqui no Brasil, as iniciativas ainda são tímidas, e o melhor exemplo é o Museu do Computador, em Itapecerica da Serra, Região Metropolitana de São Paulo.
A ideia de criar o espaço partiu do ex-técnico de informática José Carlos Valle. “Eu trabalhava com computadores desde os anos 1960 e queria fazer algo diferente. Em 1998, comecei a correr atrás de doações de peças antigas”, conta ele. Hoje já passam de 15 mil peças, e vem mais coisa por aí. Este mês, deve chegar ao museu uma réplica do Apple I, primeiro microcomputador da Apple, feito de madeira, com um teclado original. Ela vai se juntar a raridades, como o CP500, primeiro computador pessoal produzido no Brasil, nos anos 1980, e um disco rígido da década de 1950, que pesa cerca de vinte quilos e mais parece uma roda de carroça. “É o único museu com este porte na América do Sul. Agora estamos tentando conseguir um espaço maior para poder montar uma exposição mais completa”, diz Valle.
O museu em Itapecerica da Serra é bem maior que os demais. Na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, o Museu do Computador exibe microcomputadores dos anos 1980 e peças como mouses e disquetes de vários períodos. Na Universidade de São Paulo (USP) fica o Museu de Computação Professor Odelar Leite Linhares, com cerca de 250 peças, entre réguas de cálculo dos anos 1960 e um exemplar do AppleIIc, de 1979, a primeira tentativa da Apple de criar um computador portátil. Já o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) criou um museu em sua unidade de Porto Alegre, com cinco mil fotos digitalizadas, fitas de rolo antigas e alguns equipamentos. Até o fim do ano, ele deverá ter seu próprio site, uma espécie de museu virtual.
Também em Porto Alegre, o Museu da Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) recebe visitas agendadas. Ele exibe cerca de cem peças, entre livros, softwares, disquetes e computadores. “Nos museus, é possível entender o funcionamento dos equipamentos modernos. A disposição das letras no teclado, por exemplo, foi herdada das máquinas de escrever. Ela é assim porque na língua inglesa era a que dava menos problema de travamento das teclas mecânicas. Não tem como visualizar isso sem ver uma máquina de escrever funcionando”, explica o professor Roberto Cabral de MelloBorges, idealizador do museu da UFRGS. Depois de uma visita a um desses locais – mesmo os mais simples –, qualquer leigo passa a dar mais valor ao seu velho computador.
Saiba Mais - Internet
Museu do Computador (Itapecerica da Serra): www.museudocomputador.com.br
Museu do Computador da UEM: www.din.uem.br/museu
Museu da Informática da UFRGS: www.inf.ufrgs.br/museu
Museu de Computação Professor Odelar Leite Linhares (USP): www.icmc.usp.br/~museu
Computador também merece museu
Cristina Romanelli