“Sem livros não há instrução”, dizia o franciscano José Mariano Veloso (1742-1811), mais conhecido como frei Veloso. O mineiro nascido em Tiradentes foi um ilustre botânico dos tempos coloniais, tendo estudado a flora fluminense e publicado vários livros sobre a história natural luso-brasileira. No ano do bicentenário de sua morte, uma de suas obras mais importantes será reeditada. O fazendeiro do Brasil (1799-1801), uma série de 12 volumes que trata da agricultura brasileira no final do século XVIII, foi escolhida para estrear o catálogo da nova Editora Biblioteca Nacional. O lançamento está marcado para dezembro, mês em que também será inaugurada uma exposição sobre o franciscano, no salão de eventos da BN.
A obra está sendo organizada em cinco tomos, que vão conter não apenas o texto original, publicado inicialmente pela Tipografia do Arco do Cego, mas também artigos complementares e contemporâneos, que situam a obra em seu contexto. O historiador Aníbal Bragança, coordenador geral de Pesquisa e Editoração da BN, é o responsável pelo projeto e diz que O fazendeiro do Brasil é fundamental para a cultura nacional: “Ele é um exemplo de que houve uma produção lusitana voltada para o desenvolvimento da Colônia por meio da leitura, o que contraria a teoria de que a Coroa não tinha interesse em permitir a Ilustração e o acesso ao conhecimento no Brasil pré-joanino”. A forma didática como foi escrito, com muitas gravuras e um vocabulário simples, prova que o livro tinha um fim educativo, preocupado em ensinar as práticas agrícolas aos que moravam aqui.
Bragança explica ainda que a iniciativa cai como uma luva nos objetivos da Editora BN, que pretende publicar obras raras, fora de circulação há tempos, e textos que tenham relação com a cultura letrada do Brasil. Apesar do ambicioso projeto inicial, o professor não descarta a ideia de um dia relançar outro livro de Veloso – Flora fluminensis (1790), de grande relevância para os estudos de botânica.
De volta à circulação
Alice Melo