Era uma vez, espalhados por todo o Brasil, milhares de fãs de histórias em quadrinhos. Quase não se notava sua presença, mas eles foram aparecendo, nos anos 1990, em alguns eventos isolados... Até que vieram com força total este ano. Em julho surgiram o Manaus Comic Con e o Gibicon, em Curitiba. Depois foi a vez de Aracaju organizar a sexta edição do HQ Festival, em setembro. Os próximos alvos já foram definidos: Belém, Belo Horizonte e Rio de Janeiro podem se preparar para a invasão dos quadrinhos.
Amazônia Comicon (25 a 29 de outubro)
Entre os dias 25 e 29 deste mês, acontece pela primeira vez, em Belém, o Festival Internacional de Histórias em Quadrinhos e Cultura Pop da Amazônia, o Amazônia Comicon. O evento promete filmes, oficinas, palestras e performances. Um dos destaques é a exposição sobre a obra de Jayme Cortez (1926-1987), quadrinista português que chegou ao Brasil em 1947. Cortez lançou três livros de desenho, produziu ilustrações para várias editoras, fez cartazes de cinema para personagens como Mazzaropi e Zé do Caixão, e ainda organizou eventos nacionais e internacionais, como a Primeira Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos, em São Paulo, há 60 anos. A mostra em Belém terá alguns de seus originais, estudos e materiais publicados.
Rio Comicon (20 a 23 de outubro)
Do Pará, a invasão segue para o Rio de Janeiro, onde será realizada a segunda edição da Rio Comicon, de 20 a 23 de outubro, que mistura o universo dos quadrinhos com design, cinema, moda e cultura pop. Um de seus organizadores, Roberto Ribeiro, também ajudou a montar a Primeira Bienal Internacional dos Quadrinhos, em 1991. “A bienal carioca fez sucesso, e acabamos criando, em 1997, uma versão parecida em Belo Horizonte. Esta passou a se chamar Festival Internacional dos Quadrinhos (FIQ) e está aí até hoje. É um evento mais tradicional, voltado para a literatura e a educação”, explica Ribeiro.
FIQ em Belo Horizonte (9 a 13 de novembro)
Atualmente realizado pela prefeitura, o FIQ terá sua sétima edição de 9 a 13 de novembro. Entre os mais de 60 convidados estão vários quadrinistas estrangeiros e o homenageado Mauricio de Sousa, que talvez tenha uma exposição dedicada à sua obra. Uma das principais atrações será a produção, montagem e edição de um número da revista Graffiti, criada na capital mineira. Ela já lançou 21 edições, com cerca de 200 histórias de mais de 80 autores brasileiros e estrangeiros. “É a revista de quadrinhos mais longeva do país. As pessoas vão poder ver os artistas desenhando e participar da produção”, conta Afonso Andrade, coordenador geral do evento.
A história parece ir bem, mas há quem veja alguns vilões. Para Gonçalo Júnior, autor de Guerra dos Gibis (Cia. das Letras, 2004), ainda que os eventos sejam interessantes para fãs e artistas, deixam a pesquisa de lado. “Não sinto progresso nessa área. Há muito assunto a ser desenvolvido, temos rico histórico de pequenas editoras, temos grandes desenhistas... Mas a pesquisa no Brasil é superficial. É raro alguém ir atrás da parte histórica”, lamenta. Como a invasão dos quadrinhos está só começando, talvez dê tempo de surgir um super-herói que conquiste um final feliz para todos.
Saiba Mais - Internet
FIQ – http://fiqbh.com.br/
Amazônia Comicon – amazoniacomicon@gmail.com
Rio Comicon - www.riocomicon.com.br
Eles estão entre nós
Cristina Romanelli