O Japão não aposenta o arpão. Mas, segundo seu governo, faz tudo em nome da ciência. Grande consumidor de carne de baleia, o país mantém uma vasta estrutura para a atividade, e seus navios-baleeiros são constantemente alvo de ações de grupos ambientalistas, que insistem em denunciar a falsidade do argumento “científico” para o apresamento dos animais – estudados depois de devidamente arpoados e retalhados.
Proibida no Brasil desde a década de 1980, a caça às baleias ainda é uma atividade lucrativa em alguns países. Embora o declínio das populações já preocupasse cientistas e políticos desde o século XIX, os acordos para o controle da baleação só tiveram início no século passado. Mas não foram suficientes para garantir seu fim definitivo.
Em 1946, a recém-fundada Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Convenção Internacional para a Regulamentação da Pesca da Baleia e passou a proteger várias espécies da caça comercial. Nas décadas de 1960 e 1970, com o reforço de uma consciência ambiental, a opinião pública internacional foi gradativamente convencida da necessidade de estancar a atividade, sob o risco de ver o total desaparecimento das espécies. Em 1986, no âmbito dessa Convenção, entrou em vigor uma moratória, por tempo indeterminado, da caça comercial à baleia.
Especial Baleias
Diferentemente do Japão, alguns países caçam com fins assumidamente comerciais, como a Islândia, que o faz desde 2006, após vinte anos de interdição, o que gerou protestos de vários países, inclusive do Brasil. O governo islandês autorizou naquele ano o abate de 30 baleias minke e nove da espécie fin. No início de 2009, com o agravamento da crise financeira, aquele país autorizou uma cota anual de 150 baleias de cada uma destas espécies aos seus caçadores. A Noruega, que também pratica baleação comercial, permite uma cota de 1.052 minkes por ano.
Instituições como a Aliança do Alto Norte, que representa os interesses dos baleeiros na região do Ártico, têm feito um grande esforço para tornar legal a comercialização internacional da carne do mamífero, o que é condenado desde 1973 pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres. Para satisfazer o apetite do bicho-homem ou encher a burra de dinheiro em tempos de vacas magras, o fato é que a baleia é que está pagando o pato. (Equipe Revista de História)
Especial Baleias - Tudo pela ciência
Rodrigo Elias