Fé no Integralismo

Vivi Fernandes de Lima

  • Uma pergunta perseguia o cineasta Sergio Sanz: “Porque intelectuais de grande peso, como Miguel Reale e Alceu Amoroso Lima, foram integralistas?”. Para respondê-la, Sanz decidiu filmar o documentário Soldados de Deus, uma investigação sobre o Integralismo, movimento nacionalista ocorrido no Brasil após a Revolução de 30 que condenava a ação comunista e todas as posições ideológicas liberais. A resposta esperada chegou de fato com os 19 depoimentos colhidos nas filmagens: a fé – sobretudo a católica – era o que agregava tantos militantes.  

    Segundo o diretor, existiam duas opções políticas na época: a direita ou o comunismo. “Os adeptos da direita cometeram o erro de ir contra o comunismo por conta do materialismo. Todos os depoentes são católicos”, conclui ele.

    O coordenador da pesquisa elaborada na pré-produção, Luiz Alberto Sanz, destaca que, de maneira geral, o movimento reunia muitos religiosos praticantes. “Tanto que o Integralismo aceitava também inscrições de judeus”, esclarece o pesquisador, que se preocupou em ressaltar os desdobramentos ideológicos do movimento que, em 1935, agregava cerca de 500 mil integrantes.  A forma como integralistas convenciam novos adeptos também é mostrada no documentário. “A Marinha foi um meio poderoso de propagação dessas idéias. Oficiais  criavam cestas básicas e creches para congregar as pessoas e torno do movimento”, diz Sergio Sanz. Soldados de Deus, que recebeu ano passado o prêmio especial de júri do Festival do Rio, pode ser assistido em cinemas de todo o país.