Folia o ano todo

Bernardo Camara

  • As sombrinhas voltam a se abrir, e vão se espalhar por 1.733 metros quadrados. Como rastro do centenário do frevo, comemorado em 2007, o Paço do Frevo começa a sair do papel. Dedicado à valorização de um dos ícones da identidade pernambucana, um prédio de três andares no bairro do Recife Antigo recebe as primeiras pinceladas no próximo mês. A previsão é que as portas estejam abertas dentro de dois anos.

    A ideia do projeto nasceu em meio à folia dos 100 anos. Reunidos para discutir os caminhos do ritmo ligeiro, artistas e autoridades se deram conta de que Recife não tinha um local voltado exclusivamente para ele. A falha, grave, deveria ser corrigida à altura.

    “O Paço vai ocupar um prédio tombado belíssimo, que será todo recuperado. Além de oficinas, shows e exposições, vamos contar a história do frevo, que é riquíssima”, adianta Renato L., secretário de Cultura do município. Ele faz questão de frisar, porém, que nem só de passado viverá o espaço. “Haverá diálogo com a produção atual”, assegura, referindo-se aos flertes do frevo com o manguebeat.

    Para preencher os três andares do edifício, a artista plástica Bia Lessa foi chamada a dar seus pitacos. Definiu que terá salas de ensaio e de aulas, estúdio de gravação, e, claro, um canto para que a dança role solta. “É um projeto ousado e dinâmico”, diz Mariangela Castro, gerente de Patrimônio da Fundação Roberto Marinho, à frente da empreitada.

    O Paço do Frevo chega em boa hora, quando clubes, rádios e gravadoras já não são tão receptivos ao ritmo histórico. Mas a aposta é que o espaço não só dará novo gás à música, como irá alavancar ainda mais a vida cultural do centro histórico da cidade. “O Paço vai dar mais força a esse polo cultural já tradicional”, acredita Mariangela.