“Vamos para o jardim!” Assim Francisco Bethencourt reagiu à idéia de ser fotografado na vetusta biblioteca de Rui Barbosa. Não que ele não goste de livros e polêmicas. Mas o ambiente natural combina mais com as idéias arejadas que defende e que sempre marcaram sua produção. Vestindo suéter, calça de veludo e parca, no estilo de quem anda pelos belos corredores do King’s College, em Londres, o professor Bethencourt inspira formalidade. Mas as aparências enganam. Simpático, falou sobre sua militância contra a ditadura em Portugal no início dos anos 1970 e de sua vivência cosmopolita, transitando por universidades na Europa e nas Américas. Trilhando caminhos teóricos diversos, sem descuidar das lições aprendidas com grandes nomes da historiografia portuguesa, como Vitorino Magalhães Godinho, pôde se lançar em abordagens comparativas, como em seus estudos sobre a Inquisição, famosos entre os historiadores brasileiros. Célebres também ficaram os cinco volumes da História da Expansão Portuguesa, que ele dirigiu juntamente com Kirti Chaudhuri. No decorrer da conversa, Bethencourt revelou sua verdadeira inquietação: o tema da intolerância étnica. Estudioso do racismo, assunto de seu próximo livro, não se furtou a tratar da eleição do presidente Barack Obama nos Estados Unidos. No Brasil para proferir a conferência de abertura do seminário “Brasil-Portugal: representações de identidade”, patrocinado pela Fundação Casa de Rui Barbosa, Bethencourt deixou seu recado: “Não faz sentido estudar História só pelo prazer de andar atrás de papéis”.
REVISTA DE HISTÓRIA A eleição de Barack Obama é uma ruptura histórica?
FRANCISCO BETHENCOURT Queiramos ou não, a eleição do Obama revela uma posição primeira dos Estados Unidos. Eu explico melhor. Alguns problemas sociais são discutidos nos Estados Unidos antes de outros países. Os norte-americanos podem resolver bem ou mal essas questões, mas elas são formuladas e postas em debate. A eleição do Obama sinaliza uma mudança de mentalidade e de valores, uma vontade da sociedade de atacar uma série de problemas. Em outros países fala-se muito, mas pouco se pratica. A França tem pouquíssimos deputados de origem norte-africana, por exemplo. E no Brasil? Quantos representantes políticos são negros ou índios? Obama obteve 43% dos votos dos brancos. Foi a maior votação dos brancos em um candidato democrata nas últimas dez eleições.
RH O que isso significa?
FB Significa que o problema da raça não tem mais o mesmo peso. E isso marca o início de uma nova época. A América do Norte segue um modelo de segregação mitigado pelos direitos humanos. Ao contrário de um brasileiro, o norte-americano que tiver um pingo de sangue de origem africana é negro. E não importa se ele é rico ou não. Por essas e outras, a eleição do Obama não é um ponto de partida, mas de chegada. A questão da cor deixou de ser decisiva. Pelo menos em nível nacional.
RH A intolerância étnica ainda pode causar estragos?
FB É claro. Por isso acho importante o que aconteceu nos Estados Unidos. As votações nos mostraram que existe uma solução pacífica a partir do voto universal e da luta pelos direitos cívicos. A eleição do Obama é uma espécie de vitória de toda uma longa e árdua caminhada de afirmação dos direitos civis. Infelizmente, em outras partes do mundo as coisas não estão se passando da mesma maneira. E é preciso refletir sobre isso.
RH Essa seria uma das motivações da sua pesquisa atual?
FB Com certeza. Apesar de ter me distanciado da militância política, todos os meus projetos estão ligados ao empenhamento cívico. Não foi por acaso que eu estudei a Inquisição, as relações de dominação colonial e agora o racismo. Na minha opinião, não faz sentido estudar História só pelo prazer de andar atrás de papéis. Não é isso que me move. O que eu quero é atacar problemas de injustiça social, percebê-los historicamente e entender como eles têm impacto no nosso presente e no nosso futuro.
RH O senhor foi militante durante a ditadura salazarista?
FB Ter vivido a infância e a adolescência no período da ditadura marcou minha vida, em especial as escolhas profissionais. Na verdade, a política sempre esteve presente na minha família. Meu avô paterno, Conceição Rodrigues, era republicano e foi exilado para Cabo Verde pelo Estado Novo português. A geração do meu pai e do meu tio alinhou-se com o regime. A minha era novamente contrária a ele. Minha geração se fez num comprometimento político de oposição aos governos de Salazar e Caetano. Desde os meus 14-15 anos participei de movimentos contra a ditadura. Primeiro no Liceu, em Lisboa, depois na universidade.
RH Cursou Direito, não é?
FB Sim. Entrei no curso de Direito em 1972. Fiz três anos. Veio a Revolução em 1974 e as coisas mudaram. Eu precisava compreender o país, pensar sobre seu passado para entender o que ocorria naquele momento e o que estaria por vir. Portanto, a minha opção pela História tem a ver com todo esse processo de formação política, de transição do regime. Na época, a História era para mim uma coisa muito instrumental, ligada a essa necessidade de pensar o país.
RH Essa perspectiva mudou na universidade?
FB Claro. Aos poucos, o curso de História me fez encontrar novos modelos teóricos. Comecei a ler muito Max Weber e percebi que não é possível trabalhar com um único modelo teórico, espécie de gazua que abre todas as portas: temos que construir modelos diferentes em função dos problemas históricos que formulamos. Nesse sentido, o contato com autores como Émile Durkheim, Marc Bloch, Lucien Fèbvre, Fernand Braudel, entre outros, abriram muitas perspectivas. Mas foi Max Weber quem mais me marcou, não exatamente como uma matriz de pensamento, mas sim como uma importante base de reflexão. A passagem por diversas escolas alargou meus horizontes: em Paris, freqüentei os seminários de Roger Chartier [ver RHBN nº 25, 48-53] e Jacques Revel na École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Jean Delumeau e Pierre Bourdieu no Collège de France. A estada em Florença ligou-me à historiografia italiana; em Providence, à historiografia americana, e em São Paulo, à historiografia brasileira. Agora, na Inglaterra, eu me beneficio de um extraordinário diálogo com Sir John Elliott.
RH E os professores portugueses?
FB A verdade é que não tive grandes mestres na universidade. Por isso tentava contatos com outros professores. Foi nessa época que conheci o Vitorino Magalhães Godinho e o Joaquim Romero Magalhães, dois destacados historiadores portugueses que marcaram a minha formação.
RH Fale um pouco sobre o Magalhães Godinho.
FB Magalhães Godinho foi um dos grandes intelectuais portugueses do século XX. Era uma figura internacional, um dos maiores historiadores dos últimos cem anos. Foi ele que lançou as bases de uma história do Atlântico e de uma história mundial, que agora estão na moda. Para você ter uma idéia, ele ganhou o Prêmio Balzan, uma espécie de Nobel para os historiadores e para as Ciências Sociais.
RH O que aprendeu com ele?
FB Aprendi muito. Sua primeira grande lição foi esta: não se pode fazer História somente a partir de arquivos. Eles são importantes, é claro. Godinho era um erudito e gostava de pesquisar em arquivos. Mas isso não basta. É como um trabalho de antiquário à antiga. A pessoa vai a um acervo encontrar um determinado documento e publica alguma coisa a respeito dele. Não. O estudo da História, assim como o das Ciências Sociais e Humanas, deve partir sempre de um problema. A pessoa já tem uma questão, ou a formula. Esse procedimento é fundamental. Daí, sim: buscamos fontes de arquivos, uma bibliografia secundária e um modelo teórico para nos aproximarmos do problema.
RH Como Magalhães Godinho reagiria à idéia, corrente hoje, de especialização do historiador?
FB Eu diria que essa foi sua segunda lição. Não existem períodos em História que se possam isolar de uma maneira estanque, compartimentada. O pesquisador deve seguir seu problema independentemente dos momentos históricos. As pessoas só trabalham sobre o século XVI ou sobre o XIX, ou mesmo sobre vinte anos desses períodos. Essa idéia da especialização nunca funcionaria com o Godinho. Se um pesquisador estivesse trabalhando, por exemplo, com o comércio colonial, teria que acompanhar esse problema até o fim. Para ele, o pesquisador se especializa quando vai trabalhando em torno de um problema, acompanhando-o até onde for necessário. Qual a sua gênese? Qual o período que é pertinente observar? Como é que o problema se resolve? Esses são os passos.
RH Seus estudos sobre a Inquisição refletem essas lições?
FB Sim. Quando comecei o doutorado em Florença, no Instituto Universitário Europeu, eu queria estudar a Inquisição do século XV ao XIX. Minha questão fundamental era de que modo uma instituição como aquela se perpetuara por mais de três séculos. Portanto, para mim, era completamente inconcebível analisá-la a partir de uma fatia de tempo. Seria, não digo ridículo, mas pouco pertinente afirmar: “O caso português é assim, o brasileiro é assado”. O que precisava ser feito era uma pesquisa sobre as várias configurações e as diferentes formas de enraizamento social do tribunal da fé. Foi no Instituto que eu encetei uma via comparativa extremamente frutífera. As pessoas pensam que os problemas das historiografias nacionais são totalmente específicos. Mas não são. Eles podem ter configurações próprias, mas fazem parte de um conjunto muito mais vasto. Isto eu aprendi no Instituto Europeu.
RH Esse aprendizado foi importante para a coordenação da História da Expansão Portuguesa?
FB Essa foi, sem dúvida, outra experiência interessante. Depois de Florença, voltei para Lisboa, passei pela Universidade de São Paulo e pela Brown University, nos Estados Unidos, e acabei envolvido em um projeto sobre redes de poder no império português. Foi esse trabalho que me levou a Kirti Chaudhuri e à História da Expansão Portuguesa. Na época, o estudo da história do império lusitano estava compartimentado: ou se estudava sobre a África, ou sobre a América, ou sobre a Índia. Aceitei co-dirigir os cinco volumes da História da Expansão, publicados em 1998, justamente para poder romper com isso.
RH O método comparativo foi, então, mais uma vez o eixo?
FB Sim. Nós queríamos propor um modelo relacional e comparativo. Um estudo que conectasse as várias regiões de expansão portuguesa, desde o século XV até o final do XX, incluindo os fluxos migratórios. A idéia era encontrar pessoas que pudessem investigar sobre diferentes regiões do império. Tínhamos esse desafio metodológico: mostrar as ligações, as circulações, mas também as resistências e as adaptações locais. Creio que conseguimos isso em, digamos, 80% dos capítulos. A única autocrítica que faço hoje vai em outro sentido. Não sei se transmitimos suficientemente bem ao leitor uma visão mais descentralizada do processo de expansão, menos dependente do poder político.
RH Como a obra foi recebida na época?
FB Acho que, no contexto português, conseguimos desencadear uma ruptura significativa. Até aquele momento, poucos (Godinho, Boxer) tinham trabalhado com essas perspectivas comparativas. De certa forma, abrimos uma nova janela ao fazê-lo de modo sistemático. Era possível, sim, fazer História de outra maneira. Isso se deve muito à figura de Kirti Chaudhuri, que dirigiu a obra comigo. Ele era um historiador diferente, interessado pela Companhia Inglesa das Índias Orientais. Também havia escrito um grande livro sobre o Oceano Índico.
RH Qual a peculiaridade de Portugal diante desse fenômeno da expansão?
FB Portugal se beneficia de uma estratégica posição geográfica. O país ocupa a faixa de litoral mais ocidental da Europa, em um lugar ideal de cruzamento entre as experiências mediterrânicas e as do Mar do Norte. Além disso, a Península Ibérica cresceu com a ocupação árabe. Como se sabe, a expansão islâmica trouxe muitos conhecimentos, sobretudo os do mundo grego. Depois veio a conquista da Península Ibérica, a chamada Conquista Cristã, no fundo um processo de expansão alimentado pelas Cruzadas. São as Cruzadas que vão modelar ideologicamente a expansão lusitana. Aos poucos, os portugueses vão explorar a costa ocidental da África. E com o acúmulo de conhecimentos e técnicas de navegação, vão ocupar territórios cada vez mais distantes.
RH Há continuidade na expansão portuguesa?
FB Creio que essa idéia de continuidade deve ser mais debatida. Às vezes ela existe, muitas vezes, não. O que os portugueses fizeram na América não tem nada a ver com o que se passou na África e na Ásia. Por isso, discordo de Gilberto Freyre [VERBETE] quando diz que os portugueses e os espanhóis se misturavam mais com os nativos do que os ingleses e os holandeses. Acho que o Gilberto Freyre partia de uma série de preconceitos que estavam em voga nos anos 30, nomeadamente a idéia de continuidades históricas. Na Ásia, por exemplo, holandeses e ingleses misturaram-se tanto quanto os portugueses, mas não na América. Pelo contrário, em Angola e Moçambique havia menos de 1% de mulatos em 1950. Essa porcentagem era muito maior na África do Sul durante o apartheid, por exemplo. A realidade local é fundamental e contradiz visões preconcebidas.
RH Atualmente o senhor ocupa a cátedra Charles Boxer do King’s College, em Londres?
FB Na verdade, antes do King’s College fui diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa e do Centro Gulbenkian em Paris. Embora eu tenha organizado muitos colóquios e seminários, fiquei um pouco distante das pesquisas. Foi justamente a vontade de voltar a elas que me levou ao King’s College.
RH E o que tem pesquisado?
FB Estou escrevendo um livro sobre a história do racismo, um estudo comparativo sobre os preconceitos étnicos resultantes da expansão européia. Decidi começar com o século XI. A expansão européia não começa no século XVI, mas com as Cruzadas. E não são só as Cruzadas para Jerusalém. Tem a ver também com a conquista cristã da Sicília e da Península Ibérica e com a expansão para o Oriente Próximo. Só essa última mobilizou, em dois séculos, mais de duzentas mil pessoas. Assim, achei que esse era um momento importante de transição. Já escrevi os primeiros capítulos. A idéia é terminar o livro com a Teoria das Raças, em meados do século XIX.
RH A noção de raça funciona do século XI ao XIX?
FB Não. A maioria dos historiadores considera que só se pode falar de racismo a partir da Teoria das Raças. Eu acredito que o racismo precede a Teoria das Raças. Ele existe desde o momento em que o preconceito passa a ser biológico. Mas antes disso havia uma idéia de descendência. Na Idade Média, as pessoas eram assim ou assado porque descendiam dessa ou daquela linhagem. Para minha pesquisa, vai ser importante identificar quando e em que circunstâncias os preconceitos de descendência são atribuídos de forma estável a determinados grupos étnicos. É aí que temos a transição para um modelo racista.
RH Quando pretende lançar o livro?
FB Se eu conseguir concluir em dois anos, fico contente. Esta é uma pesquisa ainda mais complexa do que a da Inquisição, em que eu tinha uma instituição clara e um corpus documental bem definido. Desta vez, é tudo muito mais disperso. Tenho que construir as fontes, procurar bastante por elas. Mas tem sido um enorme prazer voltar a um projeto longo como esse.
RH A História é popular na Inglaterra?
FB Essa é uma questão fundamental. A Inglaterra tem uma tradição histórica absolutamente notável. Os ingleses fazem não só revistas, mas programas de televisão também. E têm público. Fora isso, os ingleses têm uma coisa extraordinária que é o reenactment (algo como reencenação). Eles adoram se vestir de romanos, de vikings, de normandos e de anglo-saxões, para fazerem uma espécie de encenação teatral de guerras antigas. Fazem não só essas representações de conflitos, como também ocupam castelos e revivem os hábitos e costumes de aldeias medievais. Então, você leva as crianças a um castelo e vê como era a vida na Idade Média. Não conheço outro país que viva a História da mesma maneira.
RH Mas essas tradições construíram sistemas diferentes.
FB É verdade. A maneira de pensar deles é, de fato, diferente. Para os ingleses e os americanos, um discurso complicado é pura e simplesmente tachado de confuso. Se a pessoa complica é porque as idéias não estão claras. E eu acho isso salutar. Precisamos mesmo acabar com aquelas formas rebuscadas, supostamente inspiradas pelos franceses. Magalhães Godinho era muito sensível a isso. Ele se irritava com os autores que não atacavam diretamente o problema e ficavam ali meia hora rodeando a questão. Os anglo-saxões não costumam sofrer desse mal. Eles dizem: “Ataca logo o problema!”
RH Concorda com o Almeida Garrett, que diz que “os alemães têm fé no ceticismo, os italianos têm fé na família e os portugueses têm fé na pátria”?
FB Prefiro outra comparação estereotipada: “os portugueses construíam fortalezas, os espanhóis construíam igrejas e os ingleses construíam pubs”. [risos] Na vida dos povos, a pátria, a família e a religião também têm fases...Saiba Mais - Verbetes:
Ditadura salazarista
Antonio de Oliveira Salazar, chefe do governo português desde o ano anterior, cria a partir de 1933 um regime ditatorial (Estado Novo), nos moldes do fascismo italiano. O regime sobreviverá à morte de seu líder em 1970, mas será derrubado pela revolução dos cravos em 1974.
Emile Durkheim (1858-1917)
Filosofo francês, dedicou sua vida à Sociologia, sendo considerado um dos pais da Sociologia moderna. Responsável pela elaboração de uma metodologia para a ciência social, escreveu também sobre a divisão do trabalho e o suicídio.
Fernand Braudel (1902-1985)Historiador francês, foi um dos mais importantes expoentes da Escola dos Annales.
Sua produção historiográfica relega os acontecimentos em segundo plano, para trabalhar principalmente com a longa duração temporal.
Maximillian Carl Emil Weber (1864-1920)
Historiador e economista alemão, é considerado um dos fundadores da Sociologia. Estudou entre outros temas, a burocratização da sociedade e a religião, escrevendo “A Ética protestante e o espírito do Capitalismo”.
Premio Balzan
Criado em 1961 por uma Fundação Internacional, premia cada ano personalidades que se destacaram no mundo da cultura, das artes, das ciências e do trabalho pela fraternidade entre os povos.
Saiba Mais - Obras do Autor:
Correspondence and cultural exchange in Europe, 1400-1700 (co-editor). Cambridge: Cambridge University Press, 2007.
História da Expansão Portuguesa (co-editor). Lisboa: Círculo de Leitores, 1998-1999. 5 vols.
História das Inquisições: Portugal, Espanha e Itália. Séculos XV-XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
L’empire portugais face aux autres empires, XVIe-XIXe siècles (co-editor). Paris: Maisonneuve et Larose, 2007.
O Imaginário da magia: feiticeiras, adivinhos e curandeiros em Portugal no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Portuguese oceanic expansion, 1400-1800 (co-editor). Cambridge: Cambridge University Press, 2007.