Gigante do Pantanal

Cristina Romanelli

  • Desde 1883, Cárceres abriga em sua praça central o marco que dividia os dois impérios europeus, segundo o tratado de Madri.Com quase cinco vezes o tamanho do Distrito Federal, o município de Cáceres, em Mato Grosso, é o segundo maior do país, atrás apenas de Altamira, no Pará. Apesar de ter muito chão, a maior parte é ocupada pelo Pantanal e por propriedades rurais. Ainda assim, sobram atrativos urbanísticos e históricos, como prédios dos séculos XVIII e XIX, fazendas coloniais e antigas usinas. O conjunto foi tombado e agora faz parte da lista de patrimônios culturais do Iphan.

    Fundada em 1778 pelo militar português Luís de Albuquerque Melo Pereira e Cáceres, a cidade tem histórico importante nas relações internacionais. Além de fazer fronteira com a Bolívia, em 1883 foi transferido para sua praça central o marco que dividia os impérios português e espanhol, segundo o Tratado de Madri, de 1750. Mas o pequeno obelisco não impediu os conflitos com os índios, que já viviam pela região havia muito tempo.

    “Uma das maiores aldeias indígenas ficava ali, com cerca de cinco mil índios. Os achados arqueológicos são expressivos, muitos de até 1.200 anos”, conta Jorge Eremites de Oliveira, antropólogo, historiador e arqueólogo da Universidade Federal de Grande Dourados. Agora, com o tombamento, espera-se que Cáceres tenha mais facilidade para obter recursos destinados à pesquisa, à restauração e à preservação de todo esse patrimônio.