O músico e compositor Jacob do Bandolim (1918-1969) era tão cuidadoso com suas partituras que criou códigos próprios para identificá-las: PM para as manuscritas; PMJ para as manuscritas por Jacob e PI para as impressas. Se o acervo já era organizado, agora ficou ainda mais. O motivo é um convênio firmado entre o Instituto Jacob do Bandolim e o Museu da Imagem do Som (MIS) do Rio de Janeiro. A iniciativa garantiu a digitalização de seis mil partituras e 122 fitas de rolos, com gravações caseiras, rodas de choro, depoimentos e programas de rádio. O material ficará à disposição dos pesquisadores no próprio museu a partir de novembro.
Desde 2002, as instituições vêm se unindo para preservar esse acervo, um dos maiores de nossa música. “É simplesmente a mais completa e importante coleção de choro do Brasil e do mundo. Há partituras raras, desde 1882 até a década de 1960. Boa parte dessas músicas jamais foi editada, e só foi salva do total esquecimento graças ao zelo dele”, afirma o músico e pesquisador Pedro Aragão, que coordenou a digitalização das partituras e prepara tese de musicologia sobre a coleção do bandolinista, incorporada ao MIS em 1974.
O acervo já podia ser consultado na instituição, mas nem sempre da forma mais adequada. “Algumas administrações anteriores permitiam a fotocópia (sempre a partir do original, o que acabava deteriorando o material); outras só permitiam a consulta”, conta Pedro Aragão. Agora, as pesquisas podem ser feitas com facilidade, sem o risco de danificar um acervo guardado com tanta dedicação.