Profetas sempre tiveram facilidade para ver o futuro. Mas em Congonhas, Minas Gerais, os doze profetas esculpidos por Aleijadinho no Santuário do Bom Jesus de Matozinhos enfrentavam um contratempo: seus olhos, assim como outras partes do corpo, estavam tapados por liquens. Eram profetas praticamente cegos. As esculturas, consideradas a obra-prima de Aleijadinho, agora estão livres dos microrganismos, após um processo de restauração – fruto de uma parceria do Iphan com o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura – que custou R$110 mil.
Os profetas do Santuário, reconhecidos pela Unesco como patrimônio mundial, foram executados por Aleijadinho há mais de duzentos anos e sempre estiveram expostos ao ataque de liquens, o que acelerou o processo de degradação. Com o tempo, além do comprometimento visual e estético, as obras sofreram um grave processo de corrosão por causa dos fungos. Após a limpeza, as esculturas em pedra-sabão poderão ser mantidas no local de origem, sem necessidade de remoção, como sempre defendeu o Iphan. Assim, os profetas de Congonhas estão livres para continuar enxergando o futuro. E, se quiserem, o presente!
Liquens, tremei!
Roberto Kaz