Livros da melhor idade

Angélica Fontella

  • Coletânea de poemas de Quintus H. Flaccus (1781) do acervo da Biblioteca Prof. Bruno Enei (PR) (Foto: Divulgação)Quando Luz Marina de Andrade, diretora há três anos da Escola Estadual Dr. Francisco Thomaz de Carvalho em Casa Branca (SP), decidiu investigar os livros guardados na instituição, deu-se conta da relevância histórica do material. A escola mantém 20 volumes da coleção Flora brasiliensis (1840-1906), de Carl Von Martius, obra-chave para a sistematização da botânica atual. Ao pesquisar sobre o valor dos impressos e sobre como preservá-los, Luz Marina descobriu o Plano Nacional de Restauração de Obras Raras da Biblioteca Nacional (Planor). A escola é uma das 11 instituições incluídas no programa da BN em 2014.

    “Foi no início do ano e não demorou. Fui bem atendida, eu achava que ia ser tão distante e não foi, não”, conta a diretora sobre a experiência de cadastramento e a consultoria da equipe. Com a ajuda do Planor, a escola organizou seu acervo e recebeu orientações sobre manuseio e catalogação. Em outras partes do Brasil, obras importantes também poderão ser cadastradas graças ao Planor, como As impurezas do branco (1973), de Carlos Drummond de Andrade, do acervo da Biblioteca Pública Municipal Professor Bruno Enei, em Ponta Grossa (PR). A raridade do impresso se deve à dedicatória do autor: “à Maria Rosa Moreira Lima, cordial homenagem de Carlos D.”. É apenas um entre cerca de 200 títulos considerados raros pela instituição.

    A Biblioteca Municipal Machado de Assis, em Itaguaí (RJ), cadastrou a obra mais recente no sistema: Ordenações, e leys do reyno de Portugal confirmadas, e estabelecidas pelo Senhor Rey D. João IV. O ano do livro, 1747, foi um dos fatores que motivaram a bibliotecária Sílvia Pereira a solicitar inclusão no Planor. “Quando vim para a biblioteca, identifiquei a obra e achei interessante que participássemos. Levou cerca de um mês entre a solicitação e o aceite”, lembra a profissional, que já contabilizou cerca de 400 obras raras na casa.

    Inaugurado em 1983, o Planor coordena uma política de identificação de acervos bibliográficos raros no país. Segundo Rosângela Rocha Von Helde, chefe do setor, “trata-se de uma área restrita e que carece de informação”. A equipe dá suporte às instituições brasileiras cadastradas, realizando visitas técnicas, assessorando na gestão do acervo e oferecendo palestras e oficinas. Para fazer o cadastro, há formulário disponível no site do setor. Após avaliado o pedido, a instituição poderá contar com o suporte do Planor. Quanto aos critérios de raridade, Rosângela Von Helde explica: “Indicamos o período entre os séculos XV e XVIII para inclusão. Se for mais recente, solicitamos justificativa para inclusão, como dedicatória, autógrafo de personalidade ou encadernação luxuosa”. Até o momento, o setor já registrou 23.413 obras. 

    Acesse o site: http://www.bn.br/planor/cadastro.html