Mais moderno ainda

Fernanda Távora

  • O Museu de Artes será reformado para se adequar às normas internacionais.Após quase sete anos sem atividades, o Museu de Arte de Brasília (MAB) deve passar por uma reforma que promete recuperar, modernizar e adaptar o espaço às normas internacionais. Construído na década de 1960, o prédio foi fechado em 2007 por não cumprir as determinações básicas para o armazenamento do seu acervo. O investimento inicial de R$ 4 milhões será aplicado nas mudanças nos subsolo, térreo e primeiro andar do prédio.

    Segundo o subsecretário de Patrimônio Histórico e Cultural do Distrito Federal, José Delvinei, o objetivo é fazer a reforma com o cuidado de manter as características modernistas da arquitetura do prédio. “Queremos fazer as adaptações, mas sem alterar a fachada”, afirma. O projeto entra agora em fase de licitação e tem previsão de conclusão dentro de um ano.

    Não é a primeira vez que o MAB tem uma obra de adaptações em vista. Foram três tentativas de reforma desde sua fundação em 1985, até o seu fechamento. “O acervo, naquela época, estava correndo riscos devido à insalubridade do museu no armazenamento das obras”, explica Wagner Barja, chefe da divisão de museus da Secretaria de Cultura de Brasília e participante da comissão pró-MAB, que articulou a reforma da instituição junto ao governo.

    Todo o acervo pertencente ao MAB, que conta com obras de artistas internacionais e nacionais – como os contemporâneos Cildo Meireles e Beatriz Milhazes – foi para o Museu Nacional do Distrito Federal. Segundo Ana Frade, gerente do MAB, o Museu Nacional foi a melhor opção encontrada para abrigar temporariamente as aproximadamente 1,3 mil obras que precisavam de condições adequadas de conservação. “Durante todo esse tempo, esse acervo continuou a ser exibido em exposições temporárias, realizadas no Museu Nacional e em outros locais, como a Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto”.

    O museu faz parte da história de Brasília. Ainda na década de 1960, o prédio foi construído para abrigar o Terreirão do Samba, local onde grande parte dos habitantes da cidade tinha sua única fonte de lazer.Depois, o prédio recebeu uma adaptação mínima para abrigar o museu. “O fato de o MAB não ter sido pensado inicialmente como um museu não é um problema, a questão é que não foi dado um tratamento adequado ao espaço”, afirma Delvinei.

    Para Dionísio Gomes, professor do Departamento de Artes da UnB, a criação do MAB foi fundamental para o início de uma discussão sobre o mercado de arte da região e contribuiu para a solidificação de outros espaços na década de 1990. “O MAB fechou em um momento em que novas instituições surgiam no cenário, como o CCBB e a Caixa, com a promessa de que ele voltaria em 2010”. O professor destaca ainda que a comunidade artística foi pontual em exigir que o museu não fosse fechado e que o acervo fosse mantido. “Se o acervo fosse absorvido por outros museus, poderia perder a riqueza da narrativa que conta a história da arte em Brasília”, conclui.