O futebol não será a única atração para os turistas em junho. Durante a Copa do Mundo, o Ministério da Cultura (MinC) também vai bater uma bola, com o lançamento do aplicativo para celulares Nuvem da Cultura, que vai dar informações de pontos culturais como museus, galerias e bibliotecas nas 12 cidades sedes da competição.
O projeto faz parte do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (Sniic), uma cartografia online colaborativa: os dados são inseridos pelos próprios usuários. “Atualmente temos mais de 50 mil informações no Sniic entre objetos e agentes culturais”, exemplifica Américo Córdula, secretário de Políticas Culturais do MinC.
O sistema, planejado desde 2006, começou a funcionar em novembro de 2012. Seu objetivo principal é a organização e padronização de nomenclaturas para todos os mapas de cultura, sejam estaduais ou municipais. Outra importante iniciativa é o Mapa Digital da Cultura RS, lançado em julho de 2013, cuja interface serviu de apoio para a finalização do Sniic. Entre os mais de mil pontos culturais cadastrados no mapa gaúcho, atualizados diariamente, há mais de 340 instituições registradas pelo Serviço Estadual de Museus (SEM). “O Mapa Digital possibilita a comunicação e interação entre os museus, bem como com as demais instituições, aproximando-as assim e possibilitando a realizar trabalhos conjuntos”, declara Joel Santana, diretor do SEM/RS.
A cartografia porto-alegrense, por sua vez, é inspirada no Mapa da Cultura de Fortaleza, Ceará, feito em 2012. A plataforma foi desenvolvida por demanda da prefeitura após uma pesquisa sobre agentes, instituições e pontos de ações culturais, feita pelo Conselho Municipal de Políticas Culturais, entre 2010 e 2011. A empresa desenvolvedora foi a Casa de Cultura Digital, que criou para Fortaleza uma interface em software livre – que permite a gratuidade e a transferência da tecnologia – aos moldes de seu mapa de obras no espaço público, “Arte Fora do Museu”.
Com a mudança da gestão municipal em 2013, o mapa foi abandonado e desatualizado, porém, continua no ar. “Esse cenário demonstra a fragilidade institucional de contratação de tecnologia para o serviço público”, observa Uirá Porã, articulador de Políticas Digitais do Gabinete Digital/RS e um dos responsáveis pelo projeto em Fortaleza dos Valos, falando sobre a influência do projeto sobre outras iniciativas, como o SP Cultura, de São Paulo.
Para o historiador Ricardo Pimenta, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), tais cartografias não são apenas inovadoras: contribuem muito para o acesso à informação e à cultura, não apenas nos seus estados de origem, mas para toda a sociedade brasileira. “Conhecer museus, arquivos, institutos e bibliotecas possibilita realizar uma prospecção da distribuição desses equipamentos culturais no território brasileiro, de forma a potencialmente orientar futuras políticas públicas de cultura”, completa o pesquisador.
Mapas de cultura
Deborah Araújo