Neste mês de outubro, o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) completa 100 anos. Seminários, lançamentos de livros e revistas e a restauração da coleção completa da Flora Brasiliensis, obra rara em 15 volumes, são alguns dos eventos programados. Só que nem tudo é motivo para comemoração. Desde que uma parte do acervo da instituição foi transferida para um galpão no bairro do Pici, em Fortaleza (CE), mapas, estudos sobre açudes, cadernetas de campo e outros registros sobre a Região Nordeste convivem com ratos, baratas e cupins.
Segundo Frederico de Castro Neves, professor de História da Universidade Federal do Ceará, trata-se de uma documentação preciosa, que permite estudos sobre vários aspectos do semiárido brasileiro, já que o Dnocs se dedicou intensamente a produzir conhecimento sobre o meio físico e social onde iria atuar. “Mas está amontoada em estantes e caixas sem qualquer ordem ou indício de catalogação. Uma parte mais frágil já está sem condições de leitura e, se nada for feito, em pouco tempo quase todo o material em papel irá se perder”, denuncia Castro Neves.
Anésia Bayma, chefe da biblioteca da instituição, reconhece que esses documentos não estão “bem guardados”. “Mas é uma pequena parte de nossa coleção. Praticamente todo o acervo do Dnocs está aqui no prédio da Coordenadoria, com todas as condições adequadas”, garante. Digitalização e parcerias com a universidade federal estão previstas. Mas, por enquanto, nada saiu do papel.