Histórias contadas por gerações, desde o século XIX, lembram aventuras de escravos que fugiram do tronco, maldades dos donos de fazendas e criam até alguns fantasmas. Essa memória está muito viva hoje nos remanescentes de quilombos no estado do Rio de Janeiro, onde também se mantêm tradições de origem africana, como o jogo do pau e o jongo. Diferentes pontos de vista sobre esse universo são abordados pela coletânea de DVDs “Passados Presentes”, das historiadoras Martha Abreu e Hebe Mattos, do Laboratório de História Oral e Imagem da UFF (Labhoi). Lançado há pouco mais de um mês, o conjunto de quatro filmes agora está disponível também na Internet.
“A última leva de escravos estava, em grande parte, na Região Sudeste. No Vale do Paraíba, no estado do Rio de Janeiro, a população em 1850 era 90% de africanos. Por isso, os descendentes de escravos nessa região têm ligação mais forte com algumas culturas africanas e com a história dos últimos anos de escravidão”, afirma Hebe.
O primeiro filme da série, “Memórias do Cativeiro”, foi finalizado em 2005. O acervo audiovisual do Labhoi, hoje com cerca de 300 horas de gravações, serviu de base para os lançamentos seguintes. “Jongos, Calangos e Folias – Música Negra, Memória e Poesia” (2007), “Versos e Cacetes – o Jogo do Pau da Cultura Afro-fluminense” (2009) e “Passados Presentes – Memória Negra no Sul Fluminense” (2011) se complementam e dão uma visão mais ampla da cultura e da memória desses descendentes de escravos.
Saiba Mais
Coletânea “Passados Presentes”: www.labhoi.uff.br/passadospresentes
Memória dos quilombos
Cristina Romanelli