Todos os meses, um exemplar de cada publicação do país chega à Biblioteca Nacional. Ou, pelo menos, deveria, desde 1907. Apesar de ser lei, nas primeiras décadas nem todas as editoras seguiam a regra à risca. E ainda hoje, alguns jornais do interior não enviam exemplares, muitas vezes por desconhecimento. Mesmo assim, o acervo de periódicos da BN é o maior da América Latina, com cerca de três milhões de fascículos. Pesquisadores do país inteiro e do exterior vão até a sede, no Rio de Janeiro, em busca dessas preciosidades. A partir de agora, muitos poderão economizar o dinheiro da passagem, pois, além da própria BN, várias instituições estão digitalizando seus acervos. Pensando nisso, a Coordenadoria de Publicações Seriadas, que cuida dos periódicos, disponibilizou, no fim do ano passado, uma lista na Internet que reúne os portais onde esses jornais e revistas podem ser encontrados. Ela já faz sucesso e cresce cada vez mais, inclusive com a ajuda de leitores.
A ideia surgiu quando um pesquisador comentou com a equipe de Publicações Seriadas que encontrara material digitalizado diferente do que havia na BN. O bibliotecário Alex Silveira fez uma busca na Internet para verificar e acabou achando muito mais periódicos digitalizados. “Assim que iniciei esse trabalho, as pessoas ficaram sabendo e me pediram para enviar a lista por e-mail. Chegou uma época em que recebíamos e-mail todo dia, então resolvemos colocar tudo na Internet. Mas a versão em papel ainda está em um mural, para divulgar o trabalho”, ele explica.
Na listagem estão cerca de quatrocentos títulos, como Diários Oficiais de vários estados, a Revista de Antropofagia (1928-1929), a revista Klaxon (1922-1923), a revista Sino Azul (1928-1972), o jornal Última Hora (1955-1969) e uma série de jornais mineiros do século XIX, todos do Arquivo Público Mineiro. Entre os grandes jornais, a Gazeta de Minas é a que tem o acervo mais completo, de 1887 a 2007. Parece muita coisa, mas, na verdade, há muito mais. Nem tudo que Silveira encontra vai para a lista. “Muitas digitalizações não são oficiais; são feitas por pesquisadores e não têm a autorização dos veículos. Por isso, não podemos divulgar. Já outras, mesmo oficiais, eu não incluo no nosso portal porque só podem ser vistas nas bibliotecas e arquivos, não estão na Internet”, conta Alex.
O objetivo da Coordenadoria é ampliar cada vez mais a lista e uni-la aos trinta e dois títulos já digitalizados pela BN em uma nova base de dados na Internet, que deve ser inaugurada em breve. Ali haverá também um histórico completo de todos esses periódicos. Tanta informação na Internet poderia diminuir o número de visitantes na Biblioteca. No entanto, segundo Carla Ramos, chefe da Coordenadoria de Publicações Seriadas, a grande quantidade de material e as restrições impostas pela legislação de direitos autorais fazem prever que as visitas à sede da BN ainda continuarão sendo necessárias por muito tempo.
Mensageiras do futuro
Maria do Sameiro e Ione Caser