Enquanto Brasília estava sendo construída, uma pequena vila era erguida em plena selva amazônica. Concluídas no mesmo ano, 1960, a Vila Serra do Navio, no Amapá, e a capital federal têm em comum também a arquitetura modernista. Essas edificações, que ainda conservam suas características originais, têm preservação garantida, agora que o Iphan decidiu pelo tombamento do lugar.
Projetada para abrigar três mil trabalhadores da Indústria e Comércio de Minério, a vila tem casas, escolas, um hospital e até cinema. A empresa resolveu investir na região no início da década de 1950, depois que descobriu 10 milhões de toneladas manganês. Mas para começar a exploração, foi montada toda uma estrutura urbana. O encarregado dessa empreitada foi o arquiteto paulista Oswaldo Bratke (1907-1997), que utilizou os conceitos modernistas na concepção dos prédios, marcados por linhas retas e estilo sóbrio.
“Ele se preocupava com a simplicidade. Inspirado nas moradias dos caboclos, colocava sempre uma abertura nas casas na direção dos ventos. As habitações eram frescas, mesmo sem ar-condicionado”, explica Luiz Phelipe Andrés, relator do Conselho Consultivo do Iphan no processo de tombamento.
A companhia de mineração saiu da região no final da década de 1990, mas ainda há cerca de 3.700 moradores vivendo na vila. Eles agora sabem que vão continuar morando em monumentos históricos.
Modernismo na floresta
Claudia Bojunga