Muito prazer, João Pessoa

Claudia Bojunga

  • Diferentemente da maioria das capitais do Nordeste, João Pessoa desenvolveu-se em torno do rio, e não à beira-mar. Os portugueses, para se protegerem dos invasores, como espanhóis, franceses e holandeses, instalaram-se bem longe da possível entrada de inimigos. Assim, o seu centro histórico ficou distante do litoral, com suas edificações coloniais, barrocas e até art déco. Mas, surpreendentemente, muitos moradores da cidade nem conhecem essa área. Isso começou a mudar no ano passado, quando a prefeitura levou 20 mil estudantes para conhecer a região de 17 hectares tombada pelo Iphan desde 2007.

    “Se não prepararmos a meninada, o investimento em patrimônio que tem sido feito não vai adiantar nada. É preciso criar uma sensação de pertencimento. A gente quer preparar esse povo para o amanhã”, afirma Fernando Moura, da coordenadoria do Patrimônio Cultural do município. Nos últimos quatro anos, a cidade já recebeu um investimento de R$ 41 milhões, sendo mais de 50% dessa soma proveniente da prefeitura.

    Para ajudar as crianças a conhecerem e se familiarizarem com a história local, foi criado, por exemplo, um jogo de memória com cartas que contêm fotos de monumentos, como a Casa da Pólvora, de 1704, e o Conjunto de São Francisco, de 1770. Além da educação patrimonial, outras iniciativas têm sido adotadas para preservar o passado da cidade. Livros, como Álbum de memória, marcam este esforço. A publicação traz relíquias, como imagens da chegada do corpo do presidente João Pessoa, em 1930, a visita de Getulio Vargas, em 1932, e outras do tempo em que só havia charretes e cavalos na capital.

    Mas não é somente a parte antiga que vem se beneficiando. Segundo Fernando Moura, o município já entrou com o processo de tombamento da Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes. “O projeto é uma beleza. A edificação já era histórica ao nascer,” elogia Moura. A construção espelhada em formato octogonal, localizada no ponto extremo oriental do continente americano, é de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer. Inaugurada em 2008, ela abriga exposições e eventos.

    Todas essas ações foram implementadas pelo Programa Integrado de Preservação do Patrimônio Cultural de João Pessoa, criado pela Prefeitura. Um trabalho reconhecido, vencedor do mais recente Prêmio Rodrigo Melo Franco na categoria Apoio Institucional ou Financeiro.