“Lapa Azul” (2007) é uma boa oportunidade para se entender como foi a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. E na voz de quem esteve lá. O documentário de Durval Jr. reúne testemunhos de uma dezena de ex-pracinhas e monta uma narrativa de celebração destes heróis.
Formado por jovens humildes do interior mineiro, “Lapa Azul” era o codinome do III Batalhão do 11º Regimento de Infantaria (RI). Sem qualquer experiência militar, o grupo recebeu a missão de enfrentar o nazi-fascismo em solo europeu e participou
de batalhas sangrentas, como a do Monte Castelo e a de Montese.Três anos de pesquisas em acervos no Brasil, na Itália e nos Estados Unidos permitiram a Durval Jr. ilustrar as cenas com imagens de combates, mapas e a reconstituição dos campos de batalha com o auxílio de computação gráfica e de imagens de satélite. Assim o filme consegue ser didático sem ser chato ou simplista.
Porém, o mais saboroso são os testemunhos dos veteranos. José da Fonseca lembra como era simples a vida no interior (“era muito fácil, não tínhamos tantas exigências”). Firmo de Carvalho sublinha o forte treinamento no Rio de Janeiro (“pedíamos pelo amor de Deus para ir logo para a guerra”). José Maria se recorda do frio congelante do inverno europeu (“não dava para tomar banho”). Antônio de Pádua, num dos depoimentos mais emocionantes, relata o drama da guerra na subida do Monte Castelo (“Via meus companheiros morrendo e gritando pela mãe. Isso me causava uma náusea indescritível”).
“Lapa Azul” vem somar-se a outros dois filmes recentes sobre a participação da FEB na Segunda Guerra, “Senta a Pua!” (1999) e “A Cobra Fumou” (2002). Em relação a eles, o documentário de Durval Jr. ganha em calor humano.
O filme pode ser adquirido no site www.lapaazul.com.
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Julio Bezerra