Notícias do armazém

Déborah Araujo

  • Prédio da BN na zona portuária do Rio (que receberá novo centro cultural e biblioteca pública após reformas) e interior do armazém que abrigará o acervo de periódicos. (Fotos: Núcleo de Arquitetura / Fundação Biblioteca Nacional)A Divisão de Periódicos da Biblioteca Nacional vai ganhar uma nova casa na zona portuária do Rio de Janeiro. O prédio foi sede da extinta Estação de Expurgo do Ministério da Agricultura (onde era feito o tratamento de grãos contra pragas), antes de ser cedido à Fundação Biblioteca Nacional na década de 1980. Desde então é utilizado como armazém. Hoje estão guardados no local cerca de 40 mil volumes, entre jornais e revistas. As reformas para ampliar e requalificar os pavimentos de armazenagem serão iniciadas ainda no fim de 2014, com um aporte de cerca de R$ 17 milhões do BNDES. O espaço anexo da BN contará com novas áreas de visitação e pesquisa, que sairão do papel após o anúncio do projeto vencedor do Concurso Anexo da Biblioteca Nacional, no fim de novembro. A proposta deverá incluir uma nova biblioteca pública com 150 mil volumes de livros e um auditório de eventos abertos ao público.

    Segundo Luiz Antonio Lopes de Souza, chefe do Setor de Arquitetura da BN e um dos jurados do concurso, o vencedor assinará um contrato com duração de seis meses a um ano para fazer o detalhamento da reforma do anexo. A nova biblioteca, o centro cultural e a administração da BN ocuparão o pavimento térreo, as áreas laterais, a cobertura e o bloco frontal do prédio. “Nesses espaços, os participantes tiveram total liberdade em suas propostas”, acrescenta o arquiteto.

    O edital do concurso foi lançado em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) e com a Companhia de Desenvolvimento da Região do Porto do Rio de Janeiro. Para o presidente da IAB-RJ, Pedro da Luz Moreira, a expectativa é de que o reaproveitamento do prédio, bem localizado, permita o aumento do público e de seu acesso ao acervo da Biblioteca Nacional. “Espera-se que o espaço do Porto tenha a mesma acessibilidade que a sede da BN na av. Rio Branco ou até maior. Isto gera um potencial para a própria Biblioteca de atrair um público imenso, transformando seu acervo em um acervo vivo, não apenas um material guardado”, acrescenta o arquiteto.

    Para Paulo Terra, professor de história da Universidade Federal Fluminense, que utilizou o acervo de periódicos para suas pesquisas de doutorado, “é preciso pensar em como incluir a população na Biblioteca para que ela se sinta mais à vontade”. Um dos desafios é a falta de integração do espaço urbano, cujo sistema de transportes deficitário não liga de forma eficiente o Centro às regiões mais periféricas da cidade. Quem sabe o novo “armazém” da BN no Porto ajude a deslocar um pouco o mapa da cultura no Rio?