Nova casa para a leitura

  • Um depósito com mais de 100 mil livros, localizado no Centro da cidade do Rio de Janeiro, guarda, há quase cem anos, obras raras dos séculos XIX e XX. Seu dono? Ninguém menos que a Academia Brasileira de Letras. Desde setembro, cerca de 70 mil volumes deste acervo está disponível na Biblioteca Rodolfo Garcia (BRG), novo espaço criado pela ABL, com o objetivo de aumentar o contato entre o público e a instituição fundada por Machado de Assis em 1897.

    “Nós éramos muito fechados. Agora, temos cursos, palestras, debates e conferências. A BRG é um grande exemplo dessa reaproximação da Academia com a juventude, com a população brasileira. Ela é também uma forma de nós retribuirmos a acolhida que os cariocas nos dão há tanto tempo”, diz o acadêmico Murilo Melo Filho, diretor das bibliotecas da ABL.

    Exemplares de periódicos como o Correio Braziliense, de 1808, editado em Londres, e o jornal literário O Patriota, de 1813, são algumas das raridades do acervo que está dividido em cinco segmentos: Filosofia, Filologia, Literatura, Lingüística, História e Ciências Humanas. Monografias, obras de coleções especiais como a Camiliana, do romancista português Camilo Castelo Branco, também estão nas estantes da nova biblioteca. A seleção dos títulos que hoje compõem o conjunto foi feita por uma comissão formada pelos acadêmicos Sérgio Corrêa da Costa, Eduardo Portella, Alberto da Costa e Silva, Evanildo Bechara e Murilo Melo Filho.

  • A Rodolfo Garcia é hoje considerada uma das mais modernas do país. Climatização adequada, consultas computadorizadas, segurança contra roubo e incêndio e sonorização dos ambientes – à prova de qualquer ruído externo – são algumas das qualidades citadas pelo diretor para confirmar a modernização da BRG. Os 1.300 metros quadrados da Biblioteca são divididos em espaços dedicados ao atendimento ao público (recepção, setor de consulta, sala de leitura com 46 estantes para obras de referência, periódicos e publicações da ABL), depósito para a guarda do acervo, sala de vídeo-conferência e salas para atividades técnico-administrativas e de segurança, onde todos os ambientes são monitorados 24 horas por dia. “Acrescentamos a experiência que já tínhamos na gestão da Biblioteca Acadêmica ao novo projeto da BRG. Isso nos rendeu dois anos de obras que chegaram ao resultado que planejamos: um espaço que estimula a leitura, a pesquisa e o surgimento de novos escritores”, destaca Melo Filho.