Após a imposição do AI-5, em 1968, Ziraldo foi um dos intelectuais a cair nas mãos da repressão. Vestindo uma camisa cáqui com presilhas, o desenhista foi levado à triagem do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Lá, foi surpreendido por um rapaz que lhe perguntou qual era “a linha do companheiro”. Ziraldo não aceitou a intromissão nos seus ideais políticos e respondeu: “Eu não pertenço a linha nenhuma. Sou um democrata e não quero discussão”.
A resposta deixou o rapaz confuso. Ziraldo não sabia que, no mesmo dia, alguns motoristas de ônibus tinham sido detidos, e que sua roupa era igual aos seus uniformes. O pai do Menino Maluquinho não foi confundido com comunista, mas sim com condutor.
Em 1968 – O Ano que Não Terminou, de Zuenir Ventura.