Mário de Andrade (1893-1945) ajudou a preparar a Semana de Arte Moderna de 1922 e participou de revistas como Klaxon e Estética. O que pouca gente sabe é que, além do grande interesse por música e por artes plásticas, ele também se aventurou pelo cinema. Não fez nenhum filme, mas escreveu críticas sobre várias produções da época. O livro Mário de Andrade no cinema (Nova Fronteira), que deve ser lançado em março, reúne textos pouco conhecidos, publicados por ele em diversos veículos entre 1922 e 1943.
“As discussões de Mário de Andrade sobre cinema dialogam com os eventos políticos da época. Eles contaminam suas críticas. Ele fala sobre os tempos de guerra, sobre o cinema mudo”, conta Paulo José da Silva Cunha, mestre em literatura brasileira e organizador do volume. Os dezenove textos selecionados foram publicados em diversos periódicos, como Diário de S. Paulo, Folha da Manhã e Klaxon. De todos os artigos, apenas um se dedica à produção nacional: a crítica do filme “Do Rio a São Paulo para casar” (1922), de José Medina. Enquanto isso, o inglês Charles Chaplin foi tema de três textos. Mário de Andrade usou vários filmes como recurso para debater os rumos do modernismo, e “O garoto”, de Chaplin, foi um deles.
O modernista e a telona
Cristina Romanelli