- Com vista para a baía de Todos os Santos, um antigo complexo agroindustrial, nos moldes dos engenhos de açúcar, está situado na capital baiana. O conjunto arquitetônico forma o Solar do Unhão, onde funciona o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), que está fechado para reformas de requalificação estrutural desde julho de 2013. A previsão inicial da duração das obras era de 12 meses. Por conta de atrasos no cronograma e contingência do orçamento de R$ 15,6 milhões do governo estadual, os resultados serão entregues em etapas, sem data definida para a última até o fechamento desta edição. A primeira está marcada para o dia 17 deste mês, com a reabertura da Igreja de N. S. da Conceição, bem como o andar térreo e o terraço do casarão. Os espaços foram disponibilizados com antecedência para receber exposições da 3ª Bienal Nacional de Artes Plásticas.O casarão foi o único do conjunto que ficou parcialmente aberto desde o início das obras, com o térreo e o primeiro pavimento ocupados pela equipe administrativa e o acervo do museu. “O ideal seria se isolássemos todo o conjunto durante um ano. Mas isso não pôde ser feito diante da necessidade de manter o museu funcionando”, ressalta o arquiteto Paulo Canuto, diretor de projetos e obras do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Segundo ele, há uma boa convivência entre o canteiro de obras e a visitação do público à instituição.Situado no sopé da falha geológica de Salvador, o Solar passa pela reforma mais importante desde a criação do Museu, na década de 1960, quando o governo estadual adquiriu a propriedade. Canuto explica que o casarão “teve a sua cobertura totalmente recuperada e dois dos três pavimentos encontram-se em condições de abrigar exposições, instalações e demais eventos ligados à Bienal”. Mais intervenções serão feitas no casarão após o término do evento, em setembro, como a instalação de elevadores e rampas de acessibilidade, climatização, revisão das instalações elétricas, hidrossanitárias e de combate a incêndio. Para a museóloga Luciana Moniz, diretora executiva do MAM, a principal reforma é a criação de uma reserva técnica, “superadequada para guardar da melhor maneira possível as mais de 1.200 peças do acervo”.A capela, por sua vez, recebeu reformas no piso, na cobertura, na estrutura do telhado, climatização do ambiente, revisão das instalações elétricas e equipamentos especiais para as exposições. De acordo com Paulo Canuto, outra construção que deverá ser entregue até o fim da Bienal, em 7 de setembro, é o galpão de cinema do Solar.O Solar do Unhão, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1943, é composto por construções erguidas entre os séculos XVII e XIX. Além do casarão e da capela, há um cais de embarque, chafariz, aqueduto, galpões e o Parque das Esculturas – um jardim que funciona como galeria ao ar livre. Passado de mão em mão por diferentes famílias proprietárias desde o fim do século XVI até sua aquisição pelo governo estadual, o terreno é um tesouro arquitetônico de mais de 400 anos de história.
Obras em gotas
Déborah Araujo