Poucas pessoas tinham ouvido falar na região conhecida como Bico do Papagaio, no extremo norte de Tocantins, até ela se transformar no local da Guerrilha do Araguaia (1967-1975), principal confronto direto entre a ditadura militar e a esquerda armada. Quase quarenta anos depois, o assunto ainda está em alta. O Ministério da Defesa criou o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), que desde 2009 busca os restos mortais dos desaparecidos e registra depoimentos dos sobreviventes em vídeo e áudio. Nenhum vestígio de ossadas foi confirmado, mas até o fim de 2010, mais de 150 pessoas tinham participado das entrevistas. O material está sendo editado e será exposto no Museu Paraense Emílio Goeldi e também na Internet.
“Os militares jogaram pesado, prendendo e depois eliminando os integrantes do PCdoB e alguns camponeses”, diz Marcelo Ridenti, historiador da Unicamp. A memória do massacre ainda está muito viva na região. Os depoimentos explicam por que é tão difícil encontrar vestígios. “Muitos disseram que as covas eram feitas com facão, numa região que hoje é pasto e já passou por queimadas. É difícil ter restado algo. Alguns militares contaram que fizeram operações-limpeza para não deixar nenhum rastro”, diz Rodrigo Peixoto, pesquisador do Museu Goeldi que também registrou depoimentos. O prazo final das buscas e das entrevistas é abril, mas pode ser prorrogado.
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Operação Araguaia
Cristina Romanelli