Operação Araguaia

Cristina Romanelli

  • Uma das escavações feitas em busca de vestígios da gerrilha. O trabalho do GTT deve ir até abril.Poucas pessoas tinham ouvido falar na região conhecida como Bico do Papagaio, no extremo norte de Tocantins, até ela se transformar no local da Guerrilha do Araguaia (1967-1975), principal confronto direto entre a ditadura militar e a esquerda armada. Quase quarenta anos depois, o assunto ainda está em alta. O Ministério da Defesa criou o Grupo de Trabalho Tocantins (GTT), que desde 2009 busca os restos mortais dos desaparecidos e registra depoimentos dos sobreviventes em vídeo e áudio. Nenhum vestígio de ossadas foi confirmado, mas até o fim de 2010, mais de 150 pessoas tinham participado das entrevistas. O material está sendo editado e será exposto no Museu Paraense Emílio Goeldi e também na Internet. 

    “Os militares jogaram pesado, prendendo e depois eliminando os integrantes do PCdoB e alguns camponeses”, diz Marcelo Ridenti, historiador da Unicamp. A memória do massacre ainda está muito viva na região. Os depoimentos explicam por que é tão difícil encontrar vestígios. “Muitos disseram que as covas eram feitas com facão, numa região que hoje é pasto e já passou por queimadas. É difícil ter restado algo. Alguns militares contaram que fizeram operações-limpeza para não deixar nenhum rastro”, diz Rodrigo Peixoto, pesquisador do Museu Goeldi que também registrou depoimentos. O prazo final das buscas e das entrevistas é abril, mas pode ser prorrogado.

    Saiba Mais - Internet

    Grupo de Trabalho Tocantins
    www.defesa.gov.br/gtt