A capoeira foi símbolo da resistência negra no país e, com o passar dos anos, se tornou parte integrante da cultura nacional. A fim de preservar a arte, em 2008, o Instituto do Patrimônio Histórico Cultural (Iphan) registrou a roda e o ofício de mestre de capoeira como patrimônio cultural brasileiro. Desde julho de 2011, vêm sendo realizadas, junto ao Iphan, reuniões periódicas com mestres, contramestres, alunos e praticantes com a intenção de mapear o bem cultural em Minas Gerais.
A iniciativa faz parte de um projeto do Iphan que tem como objetivo criar um banco de dados que possa ajudar futuras iniciativas de preservação da capoeira. “O Plano de Salvaguarda se inicia com o registro e se desdobra a partir de ações que envolvem os detentores desse bem cultural, os setores envolvidos na produção e reprodução do bem”, explica Vanilza Rodrigues, técnica do Setor de Patrimônio Imaterial do Iphan em Minas Gerais.
Esse é o segundo mapeamento feito pelo Iphan, mas Minas iniciou uma apuração de dados mais detalhada, segundo Andreia Oliveira, consultora de Patrimônio Histórico e Cultural. “Procuramos registrar quais são os mestres, o estilos e a localização das rodas de capoeira no estado. Resolvemos abranger mais essa questão do local para entender a dinâmica”, afirma. Até agora, os resultados são referentes a 738 municípios. Foram registrados 367 grupos de praticantes da capoeira. “A partir da pesquisa descobrimos que, dos municípios pesquisados, 99 tinham o envolvimento da prática da capoeira com esportes e instituições sociais (ONGs)”, diz.
Ainda na década de 1970 foram feitas as primeiras pesquisas mais concretas sobre a capoeira no estado. Assim como o mapeamento do Iphan, os resultados mostraram essa ligação entre a capoeira, a educação e as instituições sociais. O historiador Alanson Gonçalves, também conhecido na capoeira como mestre Costela, confirma que as pesquisas sobre o tema vêm de longe: “Em Belo Horizonte, vemos iniciativas de trabalhos de pesquisa ainda na primeira metade do século XX, mas é na segunda metade que os estudos se estabelecem”.
O objetivo do Plano de Salvaguarda é, além de preservar o bem cultural por meio da aplicação de políticas públicas, tornar o mapeamento uma fonte para pesquisas futuras sobre a origem da capoeira no estado, já que ainda não há uma diversidade de fontes nesse sentido. “A proposta é possibilitar o conhecimento mínimo desse campo em Minas Gerais para facilitar as ações do Iphan e demais órgãos e das pessoas interessadas na Salvaguarda da Capoeira. Trata-se de um trabalho de levantamento de mestres, grupos, associações, academias existentes no estado, para que possibilite o contato e a mobilização desses setores integrando as ações”, completa Vanilza Rodrigues.
Os dados da ginga
Fernanda Távora