Moinhos de vento, tulipas, tamancos e queijo. A Holanda está bem mais próxima do que parece. Na cidade paranaense de Carambeí, a 150 quilômetros de Curitiba, mais de dois mil descendentes de holandeses estão em clima de festa. Em abril de 2011 será comemorado o centenário da chegada dos primeiros imigrantes à região. Para divulgar a cultura dos Países Baixos e sediar a festança, que deverá ter uma orquestra, grupos folclóricos e de dança vindos da Europa, está em construção o Parque Histórico de Carambeí.
“Os holandeses chegaram em 1808 à cidade de Irati, também no Paraná. Poucos anos depois, a maioria voltou para a Europa ou morreu, porque havia muitas doenças. Um pequeno grupo ficou sabendo que Carambeí tinha bons campos e uma ferrovia em construção e veio para cá”, conta Dick Carlos de Geus, um dos idealizadores do parque e filho de holandeses.
Os imigrantes chegaram em abril de 1911 à antiga Fazenda Carambhey, por onde passavam as linhas férreas da empresa Brasil Railway Company. Depois dessa primeira corrente imigratória, outras chegaram à região, estabelecendo-se também em cidades vizinhas, como Castro. A experiência dos colonos com laticínios impulsionou a produção. Ali foi criada a primeira cooperativa industrial do Brasil, em 1925: a Sociedade Cooperativa Hollandeza de Laticínios, hoje chamada Batavo Cooperativa Agroindustrial.
O projeto do parque prevê a construção de vários museus a céu aberto na área de 100 mil metros quadrados. Um deles será dedicado à história das cooperativas. Por enquanto, há a Casa da Memória, com ferramentas, livros e outros objetos que pertenceram aos imigrantes. Um conjunto de 20 tratores, grande parte em pleno funcionamento, faz parte do acervo.
Até o fim do ano será construída também uma vila histórica, com reprodução em tamanho real da primeira formação da colonização na cidade. “Vai ter uma pequena igreja, uma escola, casas, uma fabriqueta de queijo... Tudo baseado em fotos da época”, diz Geus. A vila será o centro das celebrações do centenário. Além disso, os planos incluem uma pequena fazenda-modelo, a reforma do parque de exposições já existente e a construção de um parque das águas, que depende do apoio do governo dos Países Baixos. “Queremos mostrar a importância da água para o país, e como os holandeses construíram diques e desenvolveram tecnologias para controlá-la”, afirma Geus.
Países Baixos em alta
Cristina Romanelli