Na Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, mulheres de pescadores teciam com a ajuda de peças de madeira chamadas bilros. A prática veio do arquipélago dos Açores no século XVIII e pode desaparecer. Antes que isso aconteça, será criado o Centro de Referência da Mulher Rendeira, com exposição e venda dos trabalhos, oficinas e acervo de fotos, vídeos e textos. Além disso, foi iniciado em maio um levantamento com as rendeiras, que será divulgado em livro e documentário.
É provável que a renda de bilro tenha surgido na Bélgica, no século XV. Depois de se espalhar pela Europa, ela teria chegado aos Açores, parte do território português. “A maioria das rendeiras é descendente de açorianos, que chegaram aqui a partir de 1748”, conta o pesquisador Jone Cezar Araújo.
A sede do centro de referência será no Casarão da Lagoa. “A Lagoa da Conceição tem grande concentração de artesãs, por isso nosso trabalho será mais intenso ali”, explica Araújo, que tem ascendência açoriana. Os pesquisadores pretendem conhecer a história de cada rendeira, catalogar os trabalhos e recuperar a memória do processo de produção. Mais valorizado e divulgado, o artesanato pode voltar a ser uma importante fonte de renda na região.
Para fazer renda
Cristina Romanelli