Para ler e levar pra casa

  • O salão de leitura da BEC, ontem e hoje; além dos móveis, o acervo foi mudando ao longo das décadas.O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, determinou: o Comitê das Olimpíadas 2016 será instalado no Palácio Gustavo Capanema, no Centro do Rio de Janeiro. “O prédio está ocioso”, ele justificou. Nem tanto. Inaugurado em 1943 para sediar o Ministério da Educação e Saúde, é verdade que boa parte dele se esvaziou com a transferência da capital para Brasília, há 50 anos. Mas em seus longos corredores ainda há vida. É o caso da Biblioteca Euclides da Cunha, braço da Biblioteca Nacional desde a década de 1980. Ocupando todo o quarto andar, a BEC guarda mais de 60 mil títulos em seu acervo, e tenta reviver os tempos em que o edifício esbanjava prestígio.

    Daquela época para cá, muita coisa mudou em suas estantes. A biblioteca, que pertencia ao MEC, nasceu com um objetivo definido: ecoar para os quatro cantos a política educacional que nascia com Getulio Vargas. “A BEC acompanhou aquele momento novo, de construção nacional. A ideia é que ali fosse um centro de irradiação dessa nova política”, explica o bibliotecário Gustavo Saldanha.

    Com essa pompa, costumava circular por suas mesas um público que se resumia a burocratas, funcionários públicos e filhos de ministros. Anos depois, veio Brasília. E o acervo, que incluía cartilhas e manuais de ensino, dispersou-se.

    Demorou até a BEC reencontrar sua vocação. Foi só pelos anos 1980 que ela começou a assumir uma nova identidade. Depois de receber os carimbos do Ministério da Educação e Saúde e, mais adiante, do MEC, passou pelo então recém-emancipado Ministério da Cultura e se integrou, enfim, à Fundação Biblioteca Nacional.

    Hoje, o acervo chama atenção pelos títulos de Literatura, Artes Plásticas, História e Geografia, além das coleções Brasiliana, Euclidiana – com livros de Euclides da Cunha e de outros autores que analisam a obra do escritor – e Ayacucho, uma compilação da literatura da América Latina em espanhol, incluindo autores brasileiros traduzidos nessa língua. Outro destaque é o acervo em braile, que conta com cerca de 500 títulos.

    Com essa mudança de perfil, os usuários passaram a ser, em sua maioria, alunos de ensino fundamental e médio, vestibulandos e candidatos a concursos públicos. “A BEC abriu espaço para serviços que a BN não pode ter, como empréstimo de títulos, consulta local às estantes e uso de acervo próprio durante os estudos”, observa Saldanha.

    Mas boa parte do público não sabe disso. O esforço dos funcionários é divulgar essas facilidades para que o número de usuários ultrapasse a marca atual de mil, a média mensal. Algumas iniciativas estão em pauta. Na entrada da biblioteca, uma pequena mostra é organizada eventualmente, para colocar o acervo na vitrine. Mensalmente, alguns vídeos de arte ou documentários também são exibidos, num projeto batizado de CineBEC.  

    Para este ano, no entanto, a agenda ainda está sendo elaborada. Uma das propostas é fazer a revisão geral do acervo para que a Euclides da Cunha mostre ao público uma identidade bem definida. “A BEC tem uma importância histórica que muita gente ainda ignora”, diz Saldanha. O objetivo, daqui para frente, é mudar esse panorama.

    Saiba Mais

    A Biblioteca Euclides da Cunha está aberta de segunda a sexta-feira, das 9h30 às 17h30, e fica no quarto andar do Palácio Gustavo Capanema, na Rua da Imprensa, 16, Centro. Tel.: (21) 2220-4140