Patrimônio em perigo

Angélica Fontella

  • Tombados em nível federal desde 1984, os Arcos feitos de pedra eram originalmente abertos. Hoje, abrigam comércios de solda, carpintaria e marmoraria, o que dificultaria a restauração. (Imagem: IPHAN-BA)Os Arcos da Ladeira da Montanha foram construídos em 1878 para suavizar a subida íngreme das ladeiras da Conceição e da Misericórdia, no centro histórico de Salvador. Mas o que restou do século XIX mal se reconhece na paisagem atual. Infiltrações, instabilidade e ocupações irregulares são hoje a realidade dos 23 arcos soteropolitanos. Para averiguar a situação do patrimônio, o Ministério Público Federal da Bahia abriu um inquérito em novembro de 2012, que ainda está em apuração.

    O monumento foi restaurado pela última vez há 23 anos mas, segundo o coordenador técnico do Iphan/BA, Bruno Tavares, “àquela época foi feita apenas uma intervenção nas fachadas”. Hoje, o projeto de restauração dos Arcos está apto a receber recursos do Programa de Aceleração do Crescimento – Cidades Históricas, uma ação integrada entre Iphan, estados e municípios, voltada para a gestão do patrimônio cultural.

    Tavares lembra, porém, que há cerca de 50 anos os Arcos começaram a ser ocupados por pequenos comércios e residências, que não poderiam permanecer no local durante as obras. “Como a intervenção da prefeitura será bem grande, não há como as pessoas permanecerem no lugar, em função da segurança delas”, comenta. O patrimônio, embora tombado, pertence à Prefeitura de Salvador.

    Entramos em contato com a Secretaria de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, para esclarecimentos sobre o desalojamento dos moradores da região para a realização das obras. O órgão alega que cabe ao Iphan responder pelo projeto. Segundo o Iphan, a responsabilidade do deslocamento das pessoas é da prefeitura.