O peixe poraquê (Electrophorus electrus), também chamado de enguia ou peixe-elétrico, foi o centro das atenções no primeiro programa de pesquisas desenvolvido pelo médico Carlos Chagas Filho (1910-2000). Essa dedicação fez escola: todos os estagiários do Instituto de Biofísica, fundado por ele, estudavam algum dos diversos aspectos do peixe-elétrico até meados dos anos 1950. Isso porque, na opinião do pesquisador, era fundamental estudar espécimes nacionais, e inserir os estudos científicos nos cursos de Medicina. Em seu livro de memórias, Chagas Filho chegou a confessar que “foi a falta de uma faculdade de ciências no Rio de Janeiro e no Brasil que me levou à escolha da Faculdade de Medicina”.
Esse ponto de vista mostra um pouco do perfil do cientista que ele foi, preocupado com a pesquisa biomédica desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Para ele, era preciso incorporar questões como saúde, educação e ciência na ordem do dia, uma vez que estes temas eram fundamentais para o projeto de modernização que o Estado Novo (1937-1945) impôs ao Brasil.
A sensibilidade para temas ligados ao plano da política veio do berço: Chagas Filho foi criado num ambiente onde circulavam cientistas e políticos importantes, que frequentavam os almoços dominicais em sua casa, com os melhores pratos da culinária mineira. Quando nasceu, seu pai, Carlos Chagas (1878-1934), já era um cientista consagrado, que no ano anterior havia identificado a Doença de Chagas. Sua infância foi marcada pelas brincadeiras no quintal de uma casa na Rua Paissandu, no bairro carioca do Flamengo. Como estudante de Medicina, foi companheiro de uma segunda geração de médicos-cientistas: Walter Oswaldo Cruz, filho de Oswaldo Cruz (1872-1917), e Emanuel Dias, filho de Ezequiel Dias (1880-1927).(...)
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Pesquisa em primeiro lugar
Ana Luce Girão Soares de Lima