A imponência do prédio da Biblioteca Nacional faz parte do cenário do centro do Rio de Janeiro há muito tempo. Por isso, muitas vezes os cariocas podem não lhe dar a devida atenção. Mas, pasmem: turistas de todo o Brasil e do mundo se impressionam tanto com a construção do início do século XX, com seus amplos salões e majestosas colunas, que ficam incrédulos quando descobrem que podem ler as obras do acervo. Muitos acreditam que a BN funciona só como museu, onde livros são preservados e ficam apenas expostos ao público.
Segundo a guia Ednalva Tavares, o porte da Biblioteca deixa os visitantes espantados: “Eles ficam muito surpresos quando mencionamos o número de obras, que já passa de 10 milhões, e admirados com o chão de vidro dos depósitos”.
A curiosidade dos freqüentadores também é instigada pelo Vossa Senhoria, o menor jornal do mundo, que fica em exposição na Divisão de Periódicos. Fundado em 1946, ele mede atualmente 3,5 centímetros de altura por 2,5 centímetros de largura. Na Cartografia, o que chama a atenção é o ano de confecção de alguns mapas. O brasileiro mais antigo data de 1512, mas há outros anteriores vindos da Europa, do século XV, por exemplo.
É no período de férias que a Biblioteca recebe mais visitantes. Todos os anos, entre dezembro e o início de março, passa por lá quase o dobro da quantidade de pessoas registrada nos outros meses do ano. Mas engana-se quem pensa que os cariocas aproveitam o verão para estudar. A maioria das pessoas que vai à biblioteca nessa época não mora no Rio e, em vez de leitura, está em busca de um ponto turístico.
Não é por acaso que o período coincide com a alta temporada. Segundo o guia Dário de Oliveira, 95% do público que procura a visita guiada é composto de turistas. Os estrangeiros correspondem a apenas 10% desse total e vêm principalmente dos Estados Unidos. Ao acompanhar um dos grupos que diariamente percorrem com olhares atentos as diversas seções da BN, já foi possível confirmar a informação. Havia visitantes de Santa Catarina, Pará, Pernambuco, Minas Gerais, Distrito Federal e São Paulo (estado responsável por mais de 20% dos freqüentadores).
Mas, além do interesse turístico, grande parte dos visitantes tem alguma afinidade profissional com a Biblioteca, como é o caso da recifense Deborah. A BN foi um dos primeiros lugares que ela conheceu quando chegou ao Rio: “Acho muito interessante porque sou formada em Letras”. O paulistano Luiz, formado em Biblioteconomia, uniu o útil ao agradável: além de entrar na maior biblioteca do país, doou à instituição um livro de sua autoria.Para os interessados, é bom se programar com antecedência. A procura é tão grande que, mesmo com horários extras, não há vagas para todos. Para agendar uma visita guiada, os telefones são: (21) 2220-9484 e (21) 3095-3811, e a taxa cobrada por pessoa é de R$ 2,00. O tour é oferecido ao público de segunda a sexta, às 11h e às 15h (cada grupo com cerca de 20 pessoas).
Cláudia Thurler Ricci é professora do Instituto de Arte da UERJ.