Dizem que o Sudeste Asiático tem as mudas de maconha mais puras do mundo. E em fins de 1987, o boato foi posto à prova, quando a tripulação do navio Solana Star, que estava ancorado na Baía de Guanabara, ouviu, não se sabe como, a informação de que estava prestes a ser interceptado pela Polícia Federal a pedido da Drug Enforcement Agency (DEA) dos Estados Unidos. Motivo: a embarcação levava uma carga de quase 20 toneladas da droga, vinda de Cingapura.
O medo e a cautela fizeram seus tripulantes atirar toda a cannabis, guardada cuidadosamente em latas de leite em pó, na Baía de Guanabara. Por força das correntes marítimas, milhares dessas latinhas chegaram à costa brasileira, na faixa litorânea que vai de Santa Catarina ao Rio de Janeiro. Estava inaugurado o infame “Verão da Lata”, quando a juventude dourada dos anos 1980 teve, digamos, um incentivo a mais para ir à praia. O impacto do acontecimento foi tão grande que ele rendeu camisetas, marchinha, letras de música e a gíria “da lata”, que significaria “de qualidade”.