Prateleiras abertas

Alice Melo

  • Ela era uma influente crítica literária. Ele, um historiador respeitado. Tanto Lucia Miguel Pereira quanto Octavio Tarquínio de Sousa eram ávidos leitores e, após o casamento, uniram suas coleções numa biblioteca preciosa. O casal morreu num acidente aéreo em 1959 e deixou o acervo, que conta com cerca de 8,3 mil livros, para o neto. Antônio Gabriel de Paula guardou com cuidado a herança por muito tempo, mas, em 2010, decidiu doá-la para a sociedade, que agora pode visitá-la na sede da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro.

    “Eu estou ficando velho e queria deixar a biblioteca para uma instituição que a preservasse por tempo indeterminado e permitisse a circulação do conhecimento”, conta o herdeiro. Segundo ele, a coleção sobre literatura brasileira contemporânea aos anos 1930 é uma das principais do acervo, já que inclui as primeiras edições de biografias escritas por Lucia, como Machado de Assis, de 1936, e Gonçalves Dias, de 1942, edições com dedicatórias de obras de Rachel de Queiroz, Manuel Bandeira, Monteiro Lobato – que frequentavam a casa do casal.

    Na opinião da professora da Uerj, Márcia Gonçalves, a coleção se destaca porque Lucia era uma intelectual influente em seu tempo, seus textos eram publicados nos principais jornais cariocas e sua opinião era respeitada pelos escritores modernistas. “O acervo é ímpar para a época. Tem a marca de seus donos e representa muito da nova forma de escrever da primeira metade do século XX”.
    Saiba Mais - Internet
    A Procuradoria fica na Rua do Carmo 27, Centro do Rio.
    A lista completa das obras está disponível em www.octavioelucia.com.